Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quinta-feira, 18 de maio de 2017

E a rima? 
Que rima?
Longe de você nem rabisco, nem sinto.
Minto.  

Pecado é lhe deixar de molho

Eu já não sei mais de cor
Todos os poemas que eu quis te escrever
Nem todas as músicas que eu quis que você ouvisse
Nem os livros (cuidadosamente grifados) que eu quis que você lesse,

Eu já não sei mais de cor
Todas as penas que passei
Nem todos suspiros que dei    
Nem os momentos (cuidadosamente programados) que eu te encontrei.

Eu já não sei mais
Se o que lembro é de cor
Ou se foi (cuidadosamente) alterado
Para encontrar em qualquer brecha
                                                               resquício
                                                               interstício
Um motivo para continuar essa loucura

Amar cura?


(vou lhe botar num altar na certeza de não apressar o mundo ... )