Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

sábado, 30 de janeiro de 2010

• acho que é um ponto

" - E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre. "

hoje eu não sei escrever, acho que o texto fala por mim. né?!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

• santa chuva

    Escrivaninha, mesa de computador, cama, guarda roupa, cômoda, três bancos, all star’s pelo chão, fotos e recortes de jornais em todas as partes do quarto, três, TRÊS mapas espalhados pelas paredes, alguns rabiscos na parede branca, dois calendários e uma estante de livros na parede azul, um esqueleto e medalhas atrás da porta. Na escrivaninha um som, que nunca fica desligado, três bolinhas de malabares ( rosa, amarela e roxa ), um dicionário para emergências e uma pequena caixa com canetas e marcadores de página que ela nunca ousou usar, e alguns presentes do México e de Portugal, espalhados 48 lápis de cor sendo o preto o menor deles. Algumas folhas sulfites. E idéias que não chegavam a encontrar o papel, nem se quer para rabiscar. Lá fora a chuva, de novo e de novo.
    O cabelo bagunçado, de pijama e meia, com uma unha rosa escura e outra rosa clara e com glitter . Engraçado.
    Engraçado também o quanto ela envelheceu de uns tempos pra cá. Os 6 kilos a menos também fizeram a diferença. O cabelo mais curto nem tanto, já que parecia estar grande demais, mais uma vez. Os pensamentos mudaram, as idéias e os ideais. A promessa de um novo ano sem sofrimentos ainda não tinha sido cumprida, não ao pé da letra. Ainda.
    Você tem certeza disso ? Claro que sim! Então não para de remar que eu não paro também. E a gente vê até onde isso vai dar [ ... ] Uma casa no campo, só para fugir da correria da cidade às vezes. Pelo menos um final de semana em um mês, que seja em um ano, só para nós. Cinema, peças de teatro. De vez em quando, mas só de vez em quando, discutir sobre História ou Literatura, que é para não ter briga. Porque eu sei que nenhum de nós daria o braço a torcer. E, claro, claro que teríamos as brigas de casais que acabariam em ... ! Viagens inesperadas deixariam os nossos corações apertados, e trabalhos de faculdade ou da escola tomariam nosso tempo. O tempo que a gente nem sabe se tem .
    Ainda não sabe o que desenhar, talvez um barco a deriva, esperando um porto.
    Nossos filhos, deixa eu ver. Dois no máximo, e que sejam inteligentes ou pelo menos esforçados, porque não tenho paciência com gente burra. Mas isso beeem pra frente. Uma biblioteca gigante na nossa casa e um papel de parede de mapa, por favor. Uma parede do nosso quarto vermelha e uma poltrona, sempre quis ter uma poltrona. Não precisa ser grande, a casa eu digo, mas que seja organizada. E nem pense em trocar alguma coisa de lugar, que seja um livro da estante, eu tenho problema com isso. Risos. E quanto a dormir com a luz acesa, eu sei que você não consegue, então a gente pode negociar. Nada de abobrinha batida no almoço, por favor, eu sei.
    Ria das invenções que fazia, a chuva continuava a cair e lembrava uma música ... e reza ajuda de Deus, mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim ♪ ... De repente o telefone tocou. Na mente fantasia.

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você me ligou
naquela tarde vazia
e me valeu o dia ♪ '

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

• não precisa ser de novo assim, tudo igual

O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar ...
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    E mais uma vez os sentimentos vieram perturbar, inquietar. Tão confusos como nunca foram. Dilacerando todas as partes do corpo. Surgem após outra reviravolta do destino. Acaso. Uma parte de mim quer correr e a outra espera, espera e espera. Por um sentimento que nunca cessa e por alguém que nunca vem. Não vem.
.    Tudo deveria fazer sentido mas não faz, sobra só a melancolia. Sobra a esperança e o querer proseguir sem fé nenhuma. E onde isso tudo vai levar não sei se vou estar consciente pra saber. E os mistérios impedem, e o medo de proseguir é latente. Você não sai do meu pensamento e eu me questiono aqui se isso é normal. Não precisa ser de novo assim tudo igual.
    Às vezes parece que as coisas voltaram a fluir, a seguir seu curso. Utopia. Complicado guardar sentimentos em um mundo onde a única certeza é que a vida tem um fim. Ninguém entende e nunca entenderia, se eu mesma não sei onde quero chegar,e até onde consigo ir . Se é que realmente existe algum lugar. É diferente, eu sei que é, ainda que você não entenda isso, e eu sei que não entende. Entre o retorno se Saturno e o seu, busco uma resposta que acalme meu coração. Do amanhã não sei o que posso esperar.
    As horas passam, mas o relógio aqui está parado. Perdeu-se o tempo e a cada minuto perde-se mais. É dificil saber quando a luta é em vão. É difícil saber quando parar. Não precisa ser de novo assim tudo igual.
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... guardei
sem ter porque
nem por razão
ou coisa outra qualquer
além de não saber como fazer
pra ter um jeito meu de me mostrar ♪ '

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

• como num caleidoscópio sem lógica

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a poeira hora ou outra insiste em mexer, remexer. insiste em ficar nos cantos impedindo o ar de se tornar totalmente puro, de purificar, meu corpo, alma e todo o resto. imagens desconexas de algo não identificável, de um sentimento que não se pode nem se consegue traduzir. nunca antes sentido, e inutilmente. sozinha em um canto do quarto tento desfazer de tudo que me liga ao mundo exterior e que traga qualquer notícia. inútil, como sempre foi. ainda que eu me fechasse em uma caixa, do outro lado do universo, as notícias continuariam a aparecer. inexplicavel e sofrível mente. como num caleidoscópio sem lógica. e de nada adianta lutar.
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" Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vêm, não raras, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca - a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram. Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia resiste a ser identificada. As sucessivas roupas sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, às vezes brilhante, mas circundando o vazio.Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos - com todos esses arrepios estranhos que um entardecer de outono, como o de hoje, provoca na gente. "

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

• era o começo

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Encontrar alguém legal para ficar. Essa é toda a resolução do problema chamado VIDA? Encontrar um amor, uma pessoa que te completa e que te faça bem, faz com que você tenha a obrigação de ser feliz para sempre? Não. Não creio que seja assim.
Esse amor será só um, ou há milhares de pessoas que te completam? Quem sabe dizer se a metade que você tem agora é realmente, a metade que te pertence para sempre? E há a desesperadora possibilidade de ela ser sua metade, mas você nem chegar perto de ser a dela. O coração - amargurado pela rejeição, pela dor, pelo sofrimento, por sua GRANDE competência de ser exatamente o que ela não procurava – se fecha pra qualquer outro sentimento que possa aparecer desfilando por aí. É aí que você se vê sozinha e fria, dura, para qualquer plano pertencente ao futuro. Aquele velho sonho que ocupou sua cabeça desde sempre, agora não passa de uma obrigação adquirida. As pessoas essenciais para você -eram mesmo – agora nem fazem falta para sua vida. Você não se sente a vontade para procurá-los, e muito menos vontade. Agora há uma procura desenfreada para achar alguém que tire de dentro de você, aquele ser amador que ainda há alguns meses, vivia e se mostrava eterno. Eterno, você acaba de chegar à conclusão de que ele não era. Ele foi embora, se escondeu em algum lugar muito frio, escuro e doloroso demais. E não se espante, mas esse lugar está dentro de você; dói pensar em procurá-lo, mas dói mais ainda, saber que pode procurar e nunca mais vê-lo. E você tem a certeza, de que não o verá de novo. Ele foi embora junto com a certeza de que um dia, assim como nos contos de fadas, seu amor eterno apareceria.
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Araguari, 25 de janeiro de 2010 – 23:13
Paula Cecília Borges Mendes
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

• um girassol sem sol ...

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I see that look in her face she's got that look in her eye
She's thinking how did I get here and wondering why ♪
                             
  Ela saiu, desejando encontrá-lo em qualquer esquina. Saiu sem horizonte, esperando que ele passasse e lhe mostrasse o sul, magnético ou geográfico, pouco importava. Pelas ruas, carros, luzes. Nada. A cidade de repente ficou grande e tudo estava vazio. Nem mesmo os lugares rotineiros continham qualquer vestígio. Terá desaparecido? Que sumiu do ponto de visão era um fato, mas onde ele estava? Andou, andou e reandou. Passou pelo mesmo lugar milhares de vezes. Lembranças não fazem pessoas aparecerem, descobriu sozinha. Nenhum bilhete, telefonema, ou mensagem telepática, que seja. Incomunicáveis, por sorte ou azar. Talvez quando as pessoas procuram outras é a hora que elas teimam em desaparecer. [ '... um girassol sem sol, um navio sem direção ♪' ‘ ‘Você precisa de um sol ?' ] Hoje ela precisava, mas talvez ele realmente a tenha esquecido.
                           
… It seems so unlikely in this day and age ♪

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

• teoria do caos

" É dito que algo tão pequeno como o bater das asas de uma borboleta
pode causar um tufão do outro lado do mundo. "

Determinadas coisas deveriam acontecer seguindo uma lógica, no entanto, já faz algum tempo que percebi que lógicas nem sempre são seguidas. Nem sempre o bem vence o mal, o certo vence o errado, etc etc . O que era previsível se torna imprevisível aos olhos de um mundo em que a hipocrisia toma conta dos sentimentos até então existentes. Ainda que seja dito que devo ignorar tudo que me cerca, não consigo colocar nem por um minuto na minha cabeça que as coisas estejam acontecendo como uma forma de novos relacionamentos. Ninguém é prata e vira ouro da noite pro dia, ninguém odeia e ama da noite pro dia. Tenho medo do mundo que trata as coisas como jogo de interesses, onde ter ou não se torna critério de desempate. Valores – e não me refiro aos materiais – não é mais a palavra que permeia sentimentos. Mas será que sentimentos podem ser impedidos quando trocados por coisas materiais? Acho que posso responder isso quando tiver dinheiro suficiente para fugir e ignorar ( e não sei se é essa a palavra ) o que eu sinto. Ainda não aprendi nada sobre o mundo e nem sobre as pessoas. E é idiotice falar disso, já que ninguém se importa. Não consegui desligar de tudo e esquecer o que me foi dito. Palavras passam e repassam em minha cabeça e o que parecia certo agora parece não ter o menor significado. Ao se tomar uma decisão mínima, considerada muitas vezes insignificante, pode-se gerar uma transformação inesperada num futuro incerto. E quem se importa ?

domingo, 17 de janeiro de 2010

• Pequeno mapa do tempo.

Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do meu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião ♪
                 
Um dia ela descobriu que as nuvens não eram de algodão. Que as pessoas não falavam a verdade e que a verdade não levava a lugar nenhum. Cansada de correr na direção contrária sem pódio de chegada ou beijo de namorado, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era o seu único jeito de negociar. Um dia ela descobriu que promessas nem sempre são cumpridas. Que as pessoas mudam de opinião e que mudam de lado. Cansada de ir na contramão do mundo, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era seu único jeito de deixar rolar. Um dia ela descobriu que sonhos podem não ter valor. Que as pessoas não se importam e que tudo funciona de acordo com uma lógica ilógica. Cansada de ser diferentemente melhor, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era a única maneira de desistir. Um dia ela descobriu que se importar com as pessoas não fazia com que elas se importassem com você. Que as pessoas sempre pensam em si próprias e que é assim sempre. Cansada de tentar provar o contrário, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era a única maneira de tentar não se importar. Então, pensando ter achado a solução de tudo, decidiu exaurir. Até que receba algum sinal, ou até que se sinta definitivamente dona do mundo e capaz de ignorar sentimentos.
                 
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão ♪

Medo, medo. medo, medo, medo, medo.

sábado, 16 de janeiro de 2010

• ?

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... você me faz parecer menos só, menos sozinho ♪
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Ele era tudo que ela esperava. Ele carregava quase todos os adjetivos do homem que ela sempre sonhou. Era atencioso, divertido, inteligente e algo mais. Ele tinha sonhos que muitas pessoas considerariam impossíveis. Ele a divertia. Eles se divertiam juntos. Eles podiam falar sobre qualquer coisa e qualquer coisa que eles fizessem juntos era legal. Eles falavam sobre música, cinema, arte, e sobre nada. Ela gostava de ouvir ele contar histórias, ainda que não acreditasse na maioria delas. Ela gostava da forma como ele encarava a vida. Gostava da forma como falava com ela, como demonstrava seus sentimentos, e como a fazia se sentir. Gostava do simples fato de que ele a ouvia. Algo nele a atraia, e não tinha porque nem pra quê. A relação deles era a mais sincera que já existiu. As horas com ele eram legais, mas talvez ela não quisesse realmente se apaixonar. Ele não podia apagar o passado, disse que era diferente. Ela não quis pagar pra ver, e talvez ela esteja errada.
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... você me faz parecer menos pó, menos pozinho ♪
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

• vestido estampado



Acabou
Agora ta tudo acabado
Seu vestido estampado
Dei a quem pudesse servir
Agora que eu não posso mais caber em ti
Não quero te ver, dizem que você não quer mais me olhar
Como velhos desconhecidos se você não me escuta eu não vou te chamar
O amor que eu dei não foi o mesmo que eu vi acabar
Pegue o vestido estampado, guarde pra um CARNAVAL
guarde que eu nunca te quis mal.