Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

domingo, 12 de dezembro de 2010

• um ponto oito

Durante horas inteiras dividia-se em repetidos gestos de mudanças de livros. Ligou a TV, talvez em meio a diversos desastres arranjasse algo que realmente valesse a pena assistir. Controle remoto, remotocontrole. Na mudança quase automática de canais percebeu que os noticiários se repetiam. Anunciaram que o mundo ia se acabar. Como perder tanto tempo lendo diversos livros que não teriam serventia prática, já que foi noticiado que o mundo iria se acabar? Na confusão que se seguiu a notícia, pode ouvir alguns gritos, provavelmente de pessoas agora desesperadas, como se viver não fosse desesperador o bastante. Morrer, fosse talvez mais fácil - pensou. Mas disso ninguém queria saber. Nenhuma pessoa se espantava com as mortes noticiadas, com os diversos incêndios, milhares de animais mortos, milhares de corpos. Na casa do vizinho, do outro lado da rua, não importa o que acontece. Mas o mundo ia acabar, e o mundo também era ele, e ela. O que fazer então ? Quanto tempo as pessoas teriam? Os mais religiosos sem dúvida esperavam pela volta de Cristo, ou sabe-se lá de quem, o narrador aqui não entende de religiões. O modo e a hora, eram um mistério, ou talvez tivessem dito ao final da reportagem, que passou na televisão que ela desligou logo após saber o mínimo da notícia. Ver aparentemente tão claro o destino não era de todo ruim, ainda que as diversas linhas telefônicas estivessem congestionadas por ligações de pessoas pedindo perdão até para o porteiro do prédio, por aquele dia que nem mesmo o porteiro se lembraria. Ela não, não queria saber de perdão, nem de culpa. Sabia que se ligasse o som não encontraria nenhuma rádio com música decente, talvez não encontra-se sequer uma rádio. Lembrou-se de seus últimos meses. Os amigos que não mais ligavam – não que fosse sua culpa - as horas jogadas fora que não mais existiam. Como estaria seus melhores amigos agora ? Melhores ? Lembrou-se de algumas discussões, e daqueles caminhos que não mais se cruzaram pela falta de tempo, e de coisas em comum. E de todo o seu coração que não estava morto pela falta de amor, mas pela falta de alguém que realmente quisesse compartilhar, e sendo assim já não compensava mais viver. Pela primeira vez sentiu medo.


Olhei a cidade
Olhei pro meu carro
Voltei a correr
Pensei em fugir
Quis não mais viver ♪


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

• derretendo satélites



Era a primeira vez que sentia tal coisa, ou talvez não fosse, acontece que seguindo a forma de progresso evolucionista, não sei se cabe aqui, mas seguindo essa norma evolucionista, não conseguia acumular memórias e sensações, qualquer nova memória e nova sensação era realmente nova, e realmente não sei se evolucionista cabe aqui. Acontece que de súbito esse pensamento intempestivo, perceba como se repetem palavras nessas frases, acontece que essa intempestividade, pois lembrara-se de ter ouvido essa palavra de alguém e decidira que deveria utilizá-la, mesmo que assim repetidamente, enfim, esse pensamento súbito inopinado atormentara repetidamente. Dito, feito e acontecido novamente lá estava o pensamento de novo, reverberadamente, e também não sabia se a palavra reverberadamente sequer existia, o fato é que o significado de reverberado era brilhar em virtude da reflexão de luz, e mesmo que reverberadamente não existisse tinha-se licença poética e tenho dito, mesmo que não estivesse escrevendo uma poesia e nem apresentasse o dom para tal, a vida em si já era poética demais, e que reverberadamente tão bem reproduziria o refletir-se de luz e calor que acontecia no momento. Lembra-se de ter anotado algo como “o cinema é um falsário” antes que seu raciocínio lógico se fizesse prisioneiro do misto de sentimentos indefinidos. E não poderia dizer de que forma acontecera toda essa modificação que de súbito intrometera-se em seus pensamentos até então serenos, entretanto, talvez serenos sejam os pensamentos que agora perpassam os sentimentos, e sei que isso parece não fazer sentido algum, todavia faz. Ocorre que uma oportunidade dessas em que se perde a razão e o senso não se deve deixar passar, ainda mais quando de forma tão inequívocada, e sem precedentes surgem sentimentos assim. Não demorou muito, foi apenas uma questão de segundos, ou mesmo milésimos de, que fez com que um misto de aprazer e sentimentos não identificáveis tomassem todo o seu corpo, sei que aqui a palavra corpo realmente não cabe, já que se refere a toda estrutura física, nesse sentido deveria referir-se somente a coração, pois corpo seria bem menos específico. Sabe-se todavia que esses sentimentos não identificáveis não poderiam partir apenas do coração, sentidos assim se refeririam aos órgãos como visão, audição, olfato, gosto e tato, só que de mesma forma sabe-se que até então somente a visão e a audição foram utilizadas. Mas fica melhor assim, que esses sentimentos tenham vindo do coração e dos sentidos, mais poético. E vindo esses sentimentos do coração e dos sentidos e sendo a situação tão inusitada, como disse, não poderia deixar passar. Decidiu que na próxima conferencia sentar-se-ia ao lado dela, pois queria utilizar os outros órgãos dos sentidos, e isso não poderia deixar passar. Dito e feito, sentou-se ao seu lado, no palco as pessoas mais pareciam abrir a boca sem nada dizerem, escutou duas ou três palavras, queria aproveitar o momento, e essas duas ou três palavras foram suficientes para que puxasse assunto, assim inequívocadamente. Era uma pergunta daquelas sem respostas, que escreveu em um papel e mostrou, para que ao ler, o mínimo que poderia fazer era sorrir, sorriu e disse uma palavra, agora sim quatro sentidos completos. Bem sabe-se que para o último sentido da lista ter tomado posse precisaria mais do que de coragem para sentar-se ao seu lado, e talvez algumas doses de wisky, que como bem se sabe não poderia conseguir no momento. Então termina-se a estória assim, sabe dela apenas o que achou nesses dicionários de conglomerados de redes em escala mundial que conecta milhares de pessoas. Mas o fato de ter usado quatro dos cinco sentidos deixou esse êxtase de sentimentos não identificáveis que perpassam os sentidos, desprendem-se de coisas materiais e ficam vagando por si só, reverberando a cada momento em que a imaginava no palco, ou passando entre uma poltrona e outra.


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perdendo senso
derretendo satélites ♪
* desenho meu, esqueci de assinar, que dizer ¬¬

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

• morangos mofados


( Meditarias: as pessoas falam coisas,
e por trás do que falam há o que sentem,
e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra.
Há os níveis não formulados,
camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos,
expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções.
Que nem se mostram.
Por tudo isso, infelizmente, repetirás, insistirás completamente desesperado,
e teu único apoio será a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez,
através de cada palavra estarás quem sabe afastando para sempre.
Mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado e um pouco mais dramático,
porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira.
- natureza viva, em morangos mofados, de caio fernando abreu )



Sim, é bem assim mesmo. Eu não tenho um coração, chame do que quiser, pueril, vulgar, pouco me importa. Eu não vou ficar aqui babando ovo pra ninguém, porque isso não me ajuda em nada, se era pra ser e não foi, não me venha com meias palavras. É hipocrisia da minha parte e eu não quero ser assim. Pra mim todos vocês são iguais, e por mim colocaria todos em uma caixa. O primeiro que pedisse água receberia veneno, depois disso nenhum se arriscaria mais a pedir, mas já depois de algum tempo estariam cansados e doloridos então pediriam água novamente, na esperança que esta também viesse com veneno, mas não viria; e morreriam assim lentamente, um carne do outro. Claro que estou dizendo em sentido metafórico, não, talvez não esteja. Pouco importa, já te disse. Vocês são todos iguais. Lamento pelo sexo, e cada vez mais tenho pensado nisso, foram muitas oportunidades não aproveitadas, que só depois eu percebi. Fico imaginando você nu, o nu que eu gostava de ver, aquele lance de corpo no corpo, queria isso de novo, pra saber que não foi pelo sexo ou pela falta de. Fizemos sexo alguma vez? Isso tem me pegado, divagaria por horas sobre isso. E penso nessas horas, que talvez você não seja como eles, e me lembro de um texto do Caio “E não dou um tostão por eles todos. A você eu amo. Raramente me engano.” Mas se é amor ou não eu não sei, um dia foi, foi porque o amor é cego e eu sei que o meu era. Logo agora, vejo tantos defeitos, prova que era amor e prova que não é mais. Isso já foi há quase sete anos, aliás completa agora em novembro, sei porque naquele mesmo dia em que você me fez de boba, ele estava lá, e me tirou do poço em que eu iria me atirar. Nunca me esquecerei disso, e talvez se pudesse voltar no tempo teria ficado com ele e com você, espera, eu sei que não faria isso, e de qualquer modo não teria dado certo. As coisas são como são. E fico pensando nisso de você ser diferentes deles todos, mas não dá pra ser, quando se vive junto é. Não tem porque ficar pensando nisso tudo, já passou. É como eu te disse, não vou ficar com meias palavras. Isso me lembra outra frase do Caio “Fica combinado assim: se não te atrapalho, você me dá licença de ser assim do jeito que eu sou?” . E vai ver eu sou assim mesmo. Deixa estar, porque o monstro que habita em mim não sabe perdoar.


Com afeto e sem ironias,
Pelo tempo que passamos juntos
o meu carinho de sempre.

Jeannie

domingo, 3 de outubro de 2010

• partido alto

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...Fez uma coisa que em outros tempos não faria. Planejava um streape tease, uma fantasia, fosse o que fosse, fosse onde fosse. Feriado, cidade deserta e todas essas coisas. Passou maquiagem sombra azul, lápis preto, batom e esmalte vermelho. Olhos tão escuros e corpo de mulher que os íntimos mal a reconheceriam. Falava como as atrizes de filme, as espiãs, meretrizes. Parecia uma mulher daquelas revistas femininas ou de outdoor’s de roupas íntimas. Tudo ensaiado, milimetricamente planejado. Perdia-se na sensação de ser lascivamente desejada. Swan diving off of the deep end of my tragic cigarette. E bem, pensava que isso necessitaria de uma introdução apropriada. Preliminares que chamam? Pouco importa. Como disse, tudo planejado.
....Mãos deslizando pelo vestido, coração acelerado e luzes turvas. Sexo, traição, Sexo – assim com letras maiúsculas, em neon gritante – SEXO. Um cigarro na bolsa para o caso de perder a linha do pensamento. Gemidos que se tornavam gritos cada vez mais altos. Invades, tomas, pedes e implora. That God forgives my sins. E se o amor não era o suficiente para botar os inimigos para dormir, outra coisa o seria. Oh! And isn't this exactly where you'd like me. I'm exactly where you'd like me, you know ; Praing for love in a lap dance and paying in naivety! Derramas.
....Tudo planejado, só faltava ele. 20:00, banho, perfume. 20:30, um chocolate para não desmaiar de fome – mulheres costumam fazer isso – para variar. 21:00 ele já deveria ter aparecido, pouco importa. Maquiagem, cabelo, perfume. 21:45, ele deveria ter aparecido, sempre aparece. 22:30, perfume. 22:31 ligou o rádio. 22:32, merda de rádio que não passa nada que presta ouvir aos finais de semana. 22:33 muda a estação. 22:40 vai olhar o tempo, talvez devesse trocar de roupa. 23:00, perfume. Nesse momento estenderia o prazo para às 24h. Não, ele não viria.
....Pegou a bolsa, as chaves do carro e foi para o bar. No caminho pensava em uma forma de ... Mas não, ela havia prometido que nem se o Marlon Brando ressuscitasse dos mortos, aparecesse de cueca, e propusesse um Ultimo Tango em Paris ela arrastaria o cu por homem de novo.
..



Diz que deu
Diz que dá
Diz que Deus dará

domingo, 5 de setembro de 2010

• Srta. Poulain


And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky




Escrito o nome em um pedaço de papel manchado de vinho. Não havia mais nada no copo. Então era assim, estradas, destinos. Nenhum pote de ouro no final do arco-íris, sem mais cores. Tentou desenhar alguma coisa, lembrara-se de le fabuleux destin d'amélie poulain, pequenos prazeres, pensou. Mas até mesmo Amélie, não ficara sozinha no final. Só muito mais tarde foi perceber que é amor que arrasta as pessoas. Seja para onde for. Uma pena que não é o amor que faz com que elas fiquem. Olhou para os pulsos, nunca tivera coragem para grandes desfechos. Nunca tivera coragem. As pessoas se inventam para continuarem vivas. Nem sempre funciona. Olhou para o papel manchado de vinho novamente, agora parecia sangue. Ou talvez parecesse desde o princípio. Lembrou-se de rosas, rosas vermelhas. Vermelhas como sangue. Não se sentia triste, não sentia nada. Esse estranho não sentir nada a atormentou de novo. Talvez pequenos gestos fizessem com que ela visse tudo de outra forma, assim como a Srta Poulain. Esquecera-se disso. E se o tal estranho sentimento fosse felicidade ? E como poderia ser ? Não tinha motivos para ser. Felicidade é pré-programa, estar feliz por. E ela não estava feliz por, nem com. Aliás, a noite havia sido um fracasso. Como então no fundo da taça vazia, ao lado do pedaço de papel manchado de sangue ou vinho, ela conseguia ver algo que não era ruim nem bom, mas que estava muito próximo de aprazível? Estava liberta, assim como Poulain quando descobriu a caixa de brinquedos, quando viu a felicidade. Faltava agora apaixonar-se novamente. Ou talvez já estivesse, e não saberia dizer por quem. Talvez fosse simplesmente pela vida. Quem sabe seu destino mudou, para sempre...





Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you

My mind...my mind...
'Til I find somebody new

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

• ao som de isabella taviani

Eu pensei em escrever alguns poemas
Só pra tocar seu coração
Eu sei, uma pitada de romance é bom
Meu bem ...


Deu alguns passos olhando pinturas antigas, monocromáticas. Três ou quatro quadros. Parou, e por alguns segundos tudo que se pudesse imaginar passou pela sua cabeça. Imagens, reais, imaginárias. Talvez o monocromático tenha feito com que ela se lembrasse de algum princípio físico, talvez. Decidiu voltar para o apartamento.
Dormiu e em meio a vertigens noturnas relembrou velhas noites. Tentação. E ele aparecia e sempre aparecia e tornava a aparecer. Assim, repetidamente. Tinha a impressão de que de alguma forma o sentia. O cheiro invadiu todo apartamento. Desejava aquele homem como nunca antes desejou. Volúpia.
Abandonados, cúmplices, amantes enfim. Partidos pela frieza que a separava do resto do mundo. Ela que nunca foi assim. Não queria um futuro, queria um agora. Desistiu de todas as convicções e ideologias. Atordoada por imagens que nada significavam. Sim, desejava aquele homem.
Então pensou em corpos se apertando, se aquecendo e se completando. Queria tornar sentimentos pálidos em reais.


Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

• a palo seco

Aquela coisa meio que estática, meio que vai sem querer ir. E estamos quase em setembro, é setembro o mês dos amores? Não saberia dizer. Supondo um conhecimento prévio sobre mortes de coração - é, mortes de coração ela quis dizer – resolveu escrever. Infelizmente nada sairia da cabeça para o papel. Por trás do que as pessoas falam falta muita coisa, pensou. Por tudo isso, infelizmente não poderia escrever. Meu amor, que saudade. Nesse silêncio que antes certamente era o anterior a noites de amor, ficou por um minuto. Nada diz, nada escreves. Anjos e demônios têm ocupado os seus pensamentos há tempos. Se recusava a pensar em demônios quando na verdade tinha medo que um a habitasse. Enquanto os anjos apenas inventavam uma nova dança, ao longe. Como um palhaço que sem a maquiagem talvez esqueça quem é, ela seguia. Se soubesse tocar e compor certamente o faria. E pensou nas estrelas e em como elas viviam a milhas e milhas de distância. E até lembrou-se de um poema do Quintana. E pensou nos desencontros e desamores. Não que estivesse triste, só não sabia mais o que estava sentindo. E por muito tempo isso. Ascendeu um cigarro e na fumaça anjos ou demônios a perturbaram novamente. E pensou “Como eu queria que você estivesse aqui agora”. E repetiu em voz alta. E repetiu na intenção de que ele a ouvisse. Talvez se visse uma estrela cadente, infantil ou acreditando em uma verdade cósmica qualquer, faria um pedido. Grafites em papel não traduziriam. Olhou para o telefone na esperança que ele tocasse. E sabia que não tocava há muito tempo, e nem tocaria. Ascendeu outro cigarro, sabia que se continuasse assim perderia o pulmão em breve. Mas pensar em morte era demais para quem esperava uma vida cheia de prazeres. Prazeres que ela se abstinha de ter, até então. São os anjos – pensou. E tudo isso ia passando pela sua cabeça, sem que soubesse como codificar.



Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Mas por força do meu destino
Um tango argentino
Me cai bem melhor que o blues

domingo, 15 de agosto de 2010

• desde o primeiro dia

Eu só quero um tema pra viver
Versos de um poema pra dizer
Que eu te aceito assim

O que eu sei é que jamais vou te esquecer
Eu me agarro nessas fantasias pra sobreviver
Eu não sei se estou vivendo de emoção
Mas invento você todo dia pro meu coração


......Abro a mala, aquela onde estão todas as fantasias e desejos. Você ainda está lá, talvez fique por muito tempo. Não sei. Nunca fui uma pessoa muito óbvia, de qualquer modo. Sei lá, você fez parte de uma fase muito minha, entende. Muito minha sem ser eu. Meio complicado de se dizer.
......Sabe, posso te confessar agora, que desde o primeiro dia em que te vi, eu te segui com o olhar. É sim, que nem aquela música do Chico Pinheiro mesmo. Fui atrás dos seus passos, do seu rastro no ar. E todo resto. Hoje fica a parte de acordar com frio em um quarto vazio. Um quarto que de fato você nunca esteve.
......Como você sabe, não fui o que deveria ser e nem me esforcei para isso. Enquanto você desdobrava afeto. Não sei dizer o que aconteceu. Às vezes te olhava com olhos vazios que não eram meus, e rejeitava o seu toque quando o que mais queria era ser sua. Sério que não sei dizer o que aconteceu. No silêncio que acontecia quando me perguntava sobre algo queria dizer muitas coisas. Muito mais que com amor, eu te sentia, de um estranho modo mas sentia.
......Se o tivesse assim, você nunca suspeitaria do quanto era intenso.
......Passou-se muito tempo até perceber de fato que te queria. Que queria meio que pra sempre sabe. De qualquer modo, a qualquer hora.
......Por favor, quando sair feche a porta. Não quero que a brisa me encontre de novo.


Deixe saudade e nada mais
Por que é que os corações não são iguais
Diga que um dia vai voltar
Pra que eu passe minha vida inteira me enganando

Diga que um dia vai voltar
Pra que eu passe minha vida inteira te esperando ♪

sábado, 7 de agosto de 2010

• minha loucura

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Eu pensei que fosse o tempo de achar agora todas as provas
Dentro das últimas horas que me restam desse dia
No centro desse quadrado desse apartamento

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Não estou esperando por ela. Nem por ela e nem por ninguém que me faça sair desse estado o qual encontro. Tá bom assim. Relaxa baby, e flui. Barquinho na correnteza: Deus dará. Como diria o Caio.
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Viajei, não me contento
De me satisfazer com o que é visível
Aí invento uma verdade pra suprir a vaidade
Mas a minha mocidade me faz sofrer
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Sem falsas esperanças ou falsas promessas. Sem suspiros porque não há o que lamentar. Eu sei que você não me entende. Mas é bem assim mesmo. Um não entende o outro e assim vamos nós. Mais fácil viver, saca?! Tem uns cacos de vidro no chão, por todo apartamento. Vou deixar eles por aí mesmo. Consertar da trabalho demais, e não sei se quero. Prefiro ficar por aí, com as feridantiga. As mesmas de sempre. Não precisa dizer nada, isso nunca muda. Ninguém diminui a dor de ninguém. Cada um aprende a viver com ela, ou não. Eu mesmo, já aprendi. Sabe, eu pensei, tenho poucos anos. Muitos prazeres pela frente. Não to querendo me prender a ninguém mais.
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Sim, procurei pela pessoa
Que infernizava os meus neurônios à noite
Mas quando encontrei, pro meu espanto
Aquele cara era eu!
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Não me pergunte como ou porque. Já disse, é assim mesmo. Não importa, talvez a gente se encontre, talvez não. No momento é mais fácil se perder, perder-se. Não sei quanto tempo demora pra isso. Se vale a pena? Não, não venha com história de alma pequena. Acho isso uma chatisse.
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Me enfurnei naquele canto
À procura de uma nova armadura
Pra esconder minha candura, minha paz,
Minha loucura e aproveito enquanto dura
Para ouvir umas ranhuras de tom zé ♪
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

• fix you

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When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse? ♪

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......Em um bar, se encontraram novamente. Estranho, pois hoje não lembraria sequer que roupa ela usava, logo ele, sempre tão detalhista. Estava linda, como sempre fora, só isso poderia dizer. Há algum tempo haviam se apaixonado , mas tantos desencontros acabaram levando a lugar nenhum. Costumavam se encontar aos sábados, às vezes domingo; não mais que isso, exceto quado por acaso se encontravam na biblioteca, e era tão frequente. Ela que não tinha nada mais a perder, já que sabia que o outro nunca voltaria e que não precisava mais esconder desejos, não desviou o olhar quando ele a encarou. Ao contrário, foi até ele. O que se seguiu a isso, foram alguns minutos de conversas inúteis, de quanto-tempo- como-você-está-estou-bem-obrigada. Não era isso que ela queria. Não disse mais nada, apenas o beijou. Um beijo não de carinho ou afeto. Pela primeira vez não sentiu vergonha de ser lasciva.
........Tirou um cigarro da bolsa.
– Não sabia que você fumava...
- Faz uns dois anos já, mas não é muito, se é que faz diferença.
- Não, não faz.
- Que seja.
[...]
- Posso comentar sobre seu cabelo?
- Não, mas eu posso comentar sobre o seu. Ficou ótimo.
- É, eu sei, todo aquele blá blá blá que cabelo curto é mais sensual. Se bem que pra você não faz diferença né.
- Não é assim...
- Claro que é.
.......Um amigo começou a conversar com ele, e ela aproveitou o momento para pegar mais uma bebida. Por um instante exitou, mas depois retirou uma caneta da bolsa e escreveu em um papel “ ... e o que antes importava já não importa mais. Espero que não tenha nenhum compromisso quando sair daqui ...”. Acendeu mais um cigarro, deixou o bilhete sobre o balcão e saiu. Sabia que se ele ainda quisesse, o encontraria no bar.
.......Alguns minutos depois, decidiu voltar para perto do balcão. E lá estava ele, olhando-a daquele jeito que nunca mudara e que ela sabia que não mudaria. Ao som de uma música conhecida saíram do bar.
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Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you

sábado, 24 de julho de 2010

• o Rio de Janeiro continua lindo '

...
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....Não sabia dizer ao certo quanto tempo havia se passado desde a sua partida. Meses, anos, ou até mesmo horas, não saberia dizer. Lá fora o dia passava como de costume. Ao som do LP do Chico desenhava uma nova trilha sonora, que somava-se a tantas outras. O que começou a acontecer depois de todo um ciclo, é que novas imagens somavam-se as antigas. Conceitos deixavam de fazer sentido, e sentimentos escondidos não teriam mais motivos para existir. A vida seguia, sem mais agitações. Sem dúvidas ou receios. Futuros amantes, quiçá ...
....Uma volta pela cidade. Uma parada. Conversas jogadas fora e histórias ou estórias para a vida inteira. E completava-se assim. Sem pressas ou urgências. E quem sabe, então. O Rio será alguma cidade submersa ...
....Um pouco depois desses dias, algo fugiu do seu controle. O afeto batera na porta novamente e sabia que não estaria pronta para enlouquecer de amor. Não se afobe, não. Que nada é pra já. O amor não tem pressa. E veio a fuga. A indiferença. Fadados ao fracasso. Obviamente. Não se afobe, não. Que nada é pra já. Amores serão sempre amáveis ...
....Levantou-se e foi até a mesa pegar uma dose de conhaque, outra. Voltou o LP para a mesma música. O que fez com que lembrasse de outra. Repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado. O velho texto batido, dos amantes mal amados. Começara a chover e a chuva quase sempre trazia a melancolia. Mas não dessa vez. Acostumara-se a vida e as reviravoltas que ela dava. Tornara-se forte como nunca fora. Incapaz de sentimentos vãos.
....Futuros amantes, quiçá. Se amarão sem saber. Com o amor que eu um dia. Deixei pra você .
Recordou antigos amores e até mesmo flash-back’s imaginários. Longas vertigens noturnas. Horas gastas pensando no que dizer, ensaiando. Dias de felicidade contida e mal humor inventado.
....Nenhum sentimento, decidiu. E virou a garrafa outra vez no copo.
....Alguns minutos se passaram, e o sentimento de nostalgia foi interrompido por outro som que se misturava ao de música que invadia a casa.
....O telefone tocou duas vezes até que ela decidisse atender...

- Alô ?
- Alô
- Quem é?
- Sou eu
- Você?
- Não acredito que já esqueceu a minha voz.
- Não, nunca.
- Tá tudo bem ?
- Tá sim...
- Que bom.
- Estava pensando em você agora.
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o Rio de Janeiro continua lindo ♪
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* itálico - Futuros amantes - chico buarque

segunda-feira, 12 de julho de 2010

• you are the only exception

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And I've always lived like this
Keeping a comfortable, distance…
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Tempo. Tempo. Tempo. Por trás daquele peito também batia um coração. E tanto tempo havia se passado desde que permitira sentir... Por trás da mascara o sorriso escondia a melancolia, fria. A saudade de ter a quem amar. Tinha medo de dia após dia, não ser mais o que era preciso ser. Perder-se. Estaria completamente cega sobre as coisas mundanas. E sobre as coisas de amor e de morte.Só nos filmes as pessoas são felizes no final. Na novela. Real life é outra história. História. HST.

Então numa manhã de inverno você aparece e me convida para sair. Quando o medo de estar para sempre só aumenta e sei que te seguiria assim, sem hesitar.
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… And up until now I swored to myself
That I'm content with loneliness,
'Cause none of it was ever worth the risk.
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But you are the only exception

sábado, 10 de julho de 2010

• amado '

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Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu ...
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Ainda que não houvesse sol o dia estava com o colorido diferente. Colorido? Preto e branco, preto e branco, branco preto. Seria noite? A janela no quarto não poderia dizer que horas eram. Escuro. Como o coração a pouco ficara. As coisas não se moviam, as horas menos. De qualquer forma sabia que não iria vê-lo. Aliás, isso por um mês, ou mais. O telefone não tocaria. Ela mal sabia o seu nome. As coisas de fora não tinham um movimento especial, mas as de dentro (re)surgiam. Droga. Mais uma vez. Já não tinha poder algum. Não poderia recuar nem desviar o caminho. Um palpitar mais acelerado do coração quando ele passa. elE vem, e ninguém mais belO vem em minha direção... Quem sabe amor, batera na porta novamente. Encanto. O mundo mais colorido com o sorriso dele. Daqueles sorrisos de querer se ver toda manhã, ou noite. Tinha uma vaga lembrança de tê-lo visto dois ou três anos atrás. Não sabia se era uma invenção da memória, ou uma projeção de alguém que de fato queria ter notado nesses dois ou três anos atrás. Num evento especial. Esboçou no ar uma tentaiva de aproximação. Impossível. Seria demais, até para ela. Perdera o jeito com conquistas ou talvez nunca o tivera.
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... Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você ♪
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( Não posso esperar.
Tenho a mesa posta, toalhas brancas, ombros moles
e uma alma que só saber viver presentes. )
caio fernando abreu.
itálico: pequena modificação em 'na estrada' de marisa monte

sexta-feira, 9 de julho de 2010

• Chão de giz

‘ Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz ...
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   Pra cada um dos meus homens. Uma poesia, um verso, um desenho ou o melhor de mim.
   O teu amor é uma mentira. Que a minha vaidade quer. As horas mais bem gastas, ou as horas mais bem perdidas com você. O nosso amor a gente inventa. Pra se distrair. Os meus melhores beijos. A parte mais sincera que existe em mim. Sem nenhuma falsa tentativa de ser o que não sou. Sem vergonhas, talvez. Sem escrúpulos. Te ver não é mais tão bacana. Quanto a semana passada. O nosso amor a gente inventa. Pra se distrair.
   Inamovivel. Como se apaixonar pela primeira vez. De dar frio na barriga e sei lá o que. Querer ver, estar perto. Acompanhar. I made wine from the lilac tree. Put my heart in its recipe. Pensar mais uma vez que estar junto pra sempre pode ser bom. Que não se precisa pensar em mais ninguém. Put my heart in its recipe. It makes me see what I want to see. Inalcançável.
   Os meus olhos vidram ao te ver. São dois fãs, um par. Platônico como tantos outros foram. Sem tentativas de aproximação ou falsas promessas. Sem noites de insônia. Sem querer a eternidade, sem querer que alguém saiba, apenas ter. Contradição. E eu te chamo, eu te peço: Vem! Diga que você me quer. Porque eu te quero também!
   Desculpe. Estou um pouco atrasado. Mas espero que ainda dê tempo. De dizer que andei. Errado e eu entendo. Pensar que acabou da forma mais medíocre possível. Fica só o gosto amargo daquilo que não tem nome. O ódio, o ressentimento. Da vida que foi negada, do perdão que foi negado, e das horas a sós que foram substituídas por bebedeiras com os amigos. Por onde andei? Enquanto você me procurava. E o que eu te dei? Foi muito pouco ou quase nada.
   Pra cada um dos meus homens. Uma poesia, um verso, um desenho ou o melhor de mim. Uma mulher, para cada um dos meus homens.
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... Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular ♪
....
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( Bueno, os dados estão lançados,
e agora só me resta lavar as mãos sujas
do sangue das canções )
caio fernando abreu.
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O nosso amor a gente inventa ♪ Cazuza
Lilac Wine ♪ Jeff Buckley
Luz dos Olhos ♪ Cássia Eller
Por onde Andei ♪ Nando Reis
Ao som de Chão de giz ♪ na voz de Oswaldo Montenegro,

sexta-feira, 4 de junho de 2010

- o mundo é um moinho

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Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó. ♪
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Não queria de forma alguma pensar em tudo isso de novo, fazia mal. Reviver momentos na memória. Inútil qualquer tentativa de aproximação. Partiu irremediavelmente. E ainda que tenha aceito isso como nova forma de vida, queria às vezes pensar no que poderia acontecer se não houvesse acontecido o toque dos corpos, das almas. Por um minuto. Ainda que falsamente. Utópico demais, pensar no que poderia ter sido e não foi. Às vezes a espera de uma carta ou um telegrama. Passa rápido. Passa rápido porque agora outro ser se misturava ao dela. Carne, corpo, alma, pensamento. Tudo. Idiota quem disse que não se esquece uma pessoa com outra. Esquece sim, esquece e passa. Fica só o gosto amargo daquilo que não tem nome. O ódio, o ressentimento. Da vida que foi negada, do perdão que foi negado, e das horas a sós que foram substituídas por bebedeiras com os amigos. Fácil era dizer agora que ela não o conquistara. Muito fácil, limpar o porão sujo agora que todos os móveis e entulhos foram retirados. Depois que a grande decisão foi tomada pelo dono da relação. Grande decisão? É, você pode definir também como seqüência de acontecimentos estranhos e desmedidos. Mas, será por quê? Não importava agora né, agora que...


Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida"
caio fernando abreu

quinta-feira, 3 de junho de 2010

• @beatlesfrases: The way you deceive me, I just don't understand

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   Há muitas outras coisas que se poderia dizer sobre esse homem nesta noite turva, em que sento-me para escrever ao lado de uma garrafa de alguma coisa com teor alcoólico e um cinzeiro em que deposito as cinzas do meu Lucky Strike, o maço quase no fim.
   Que ele era legal, que era elegante e charmoso seria o mais clichê a que se poderia chegar, depois de tanto tempo. Que entendia sobre todos os assuntos e que era a pessoa mais especial these whole world... Que teria a mulher que quisesse quando quisesse, retórico demais.
   Uma coisa que não consegui dar nome, e que por mais que tente não compreendo muito bem, e entendo. Entendo por ora, antes de me ater aos detalhes e chegar a (in)conclusão de que não faz sentido nenhum. E pensei, durante certo tempo, que o que mais se poderia tirar dessa história toda - talvez inventada, talvez fantasiada para tornar-se nos mínimos detalhes real – era o significado. Hoje pressinto que é o que mais falta. Em forma de interrogações, tento decifrar esse nó que me atrela a tudo isso. Acendo mais um cigarro.
   Gastei quase todas as minhas fichas tentando apostar em uma teoria que pudesse chegar o mais perto possível do real. Percebo agora que não existe real. Tudo é irreal e atrelado ao fato de tentar inutilmente viver. Viver e ser lembrado, viver e ser esquecido. Amar até a última gota do ser. Consumir-se um no outro, noutro. Várias e várias vezes. Na esperança quem sabe de achar algo que faça parar, ficar para sempre. Sem mentiras, sem vergonhas, sem histórias mal contadas e passados que teimam em aparecer no presente. Utopia.
   Outros são os caminhos e sabe-se que na esquina de cada um deles há outras e outras mulheres. Com histórias que talvez pudessem fazer diferença na vida de alguém. Mas elas são de ninguém. E talvez ele seja assim.
   Acendo outro e outro cigarro. A vida é o que é, e as pessoas são o que são, mesmo pra quem vê de longe. People don't change !
   Há muitas outras coisas que se poderia dizer sobre esse homem nesta noite turva. Que ele era quase perfeito, e que só existia um defeito, mas era esse defeito que fazia com que se desacreditasse de todas as qualidades até então existentes. Poderia terminar o texto com uma música, mais ou menos assim: Te pego na escola e encho a tua bola com todo o meu amor. Te levo pra festa e testo o teu sexo com ar de professor. Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom. Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão. ♪ Mas agora e para sempre, o show não era interessante e ela não era o seu amor. Então termina-se assim, sem solos de violão ou piano. Talvez, um tango argentino, pena eu não conhecer nenhum. Poderia procurar algo aceitável aqui; mas acabaram os cigarros e o álcool está quase no fim.
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“São aqueles que vêm do nada
e partem para lugar nenhum.
Alguém que aparece de repente,
que ninguém sabe de onde veio nem para onde vai
A man out of nowhere.”


(Nelson Brissac Peixoto: Cenários em Ruínas)
citado no conto VI : O Rapaz mais triste do mundo
de Os Dragões não conhecem o Paraíso - Caio Fernando Abreu.
* negrito - O rapaz mais triste do mundo ...
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sábado, 22 de maio de 2010

• procura-se

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Procura-se alguém que tenha mais de 20 anos, seja legal e atraente. Procura-se alguém que goste do frio e de música popular brasileira. Procura-se alguém que queira viajar, às vezes. Procura-se alguém que goste de praia e mar, e que saiba surfar. Procura-se alguém que saiba falar sobre política, esportes e nada. Procura-se alguém que entenda sobre metafísica. Procura-se alguém que saiba se vestir e andar. Procura-se alguém que seja educado e que policie os meus palavrões. Procura-se alguém que não tenha medo de mudar e que fique jovem para sempre. Procura-se alguém que não goste de azeitonas verdes. Procura-se alguém que deixe de sair às vezes porque precisa estudar. Procura-se alguém que goste de filmes e HQ’s. Procura-se alguém que goste de futebol e que não torça por time nenhum. Procura-se alguém que tenha muitas histórias para contar. Procura-se alguém que minta só para me dar o prazer de descobrir. Procura-se alguém que seja engraçado, até sem querer. Procura-se alguém que saiba todas as letras do Beatles de cor. Procura-se alguém que ame coca-cola. Procura-se alguém que goste de Petit Gateau. Procura-se alguém que aprecie o por-do-dol. Procura-se alguém que deteste música sertaneja. Procura-se alguém que acredite em super heróis. Procura-se alguém que acredite no amor. Procura se alguém.
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" neste momento vem-me uma vaga saudade
e um vago desejo plácido
que aparece e desaparece "
fernando pessoa.

sábado, 15 de maio de 2010

• mais feliz

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Parar, às vezes é ainda estar em movimento. Encantar-se novamente, como se ainda fosse possível, como tudo o é. Rimas fáceis, calafrios. Fura o dedo, faz um pacto comigo. Dar a volta ao mundo ou ir ao centro da Terra, não importa. Por um segundo teu no meu. Com a prática de ser amado talvez nada mais fosse surpreendente, ou talvez fosse até demais. Um pouco inquieto o amor dava sinais até então escondidos, camuflados. Pairando entontecido sobre várias histórias de amor e des. Quem nunca se perdeu não entenderia que esta era uma perca desejável. Uma espera. Por um segundo mais feliz.
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" Nada se sabe, tudo se imagina
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada "
fernando pessoa.
* itálico. Mais feliz ♪ Adriana Calcanhoto

sexta-feira, 14 de maio de 2010

• romance ideal

Um dia, como outro qualquer. A possibilidade de algo havia me aparecido novamente. Tarde demais pra voltar atrás. Tarde para esquecer quem eu fui, ou era, não importa. Ela é só uma menina e eu pagava pelos erros que eu nem sei se eu cometi. O mundo dá voltas e voltas e às vezes acaba parando no mesmo lugar. Nada é estático e ainda assim determinadas coisas marcam para sempre, e sempre. Não se anula passados mas constrói-se presentes. E o presente poderia ser tão bom.


Não pedi que ela ficasse
Ela sabe que na volta
Eu ainda vou estar aqui.

Se eu queria enlouquecer, esse é o romance ideal
É tudo que eu quis! ♪

terça-feira, 11 de maio de 2010

• sozinho '

- Decidiu me ignorar para sempre?
- Você sabe que isso não é verdade.
- Eu não sei o que é ou não verdade, sei do que estou vendo. E no momento não tenho visto nada. É assim que a gente vai se levar a sério?
- ...
- Não estou te pedindo em casamento. Não sei se é pra sempre e nem sei o que eu sinto. Mas gosto de falar com você e gostaria que você também pensasse o mesmo. Não estou dizendo que quero ser mais do que sua amiga. Não se preocupe.
- E você quer ser mais que isso?
- O que você quer?
- Depende do que você quiser.
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♪ não sou nem quero ser o seu dono
é que um carinho às vezes cai bem
eu tenho meus desejos e planos secretos
só abro pra você mais ninguém
por que você me esquece e some ? ♪

sexta-feira, 16 de abril de 2010

• não vale a pena

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Depois de um tempo você percebe que não pode mudar ou retraçar determinados caminhos. Não pode mudar a vida das pessoas e fazer com que elas vejam aonde estão. Você não muda caminhos e nem faz histórias se transformarem em mais corretas. O máximo que se consegue é destruir seu próprio relacionamento, ainda que não exista um. O que parece sem lógica ou sentido. Não consegue consertar corações, nem almas. Na verdade percebe que nem o seu próprio coração pode ser consertado. E o que você faz? Decide inconscientemente afastar qualquer pessoa que apareça. Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. É claro que não é premeditado, ou talvez inconscientemente fosse. Não queria que você se afastasse de mim. Assumiria qualquer culpa se assim fosse o caso. Mas não sei o que se passa. Gosto de você como amigo mais do que como amante ou super-herói. Sei que no fundo você sempre me entendeu, ou pelo menos fingia muito bem isso, o que de qualquer modo me agrada. Assim como sei que embora tenha sido sincera todas as vezes que conversamos, sempre escondi um pouco do que eu posso ser. Era bom saber que existia você do outro lado da linha, alguém com quem eu poderia contar. Quem eu gostaria que estivesse por perto, pra repartir o que quer que seja. Gostava das nossas conversas sem sentido, e dos mil casos e acasos. Às vezes éramos cúmplices, sinceramente cúmplices. De qualquer coisa que não consigo achar uma definição exata. Era bom ler os seus pensamentos e me recusar a concordar porque no fundo eu sei que pensamos exatamente igual. Em tudo. Engraçado como eu descobria as coisas que você fazia, o que você também pode definir, se preferir, como ironia do destino. Não é o fato de se apaixonar, é simplesmente demonstrar que não sou o que você pensa. E que eu também tenho um coração, embora não o use às vezes.
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de repente, cai o nível
e eu me sinto uma imbecil
repetindo, repetindo, repetindo
como num disco riscado
o velho texto batido
dos amantes mal-amados
dos amores mal-vividos
e o terror de ser deixada
cutucando, relembrando, reabrindo
a mesma velha ferida
e é pra não ter recaída
que não me deixo esquecer
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que é uma pena
mas você não vale a pena ... ♪
trecho em itálico - Caio Fernando Abreu
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" Ele fala doce. Ela tem suas cores. Ele não tem uma razão. Ela é a própria. Ele tem silêncio em alma. Ela já teve a sua tomada. Ele encontra estímulos. Ela costura as frustrações. Ele constrói a música. Ela canta o texto. Ele faz-se inteiro. Ela desmembra sua sala. Ele disfarça-se para não ser. Ela já não é. Ele vê chances. Ela cospe as delas. Ele corta os atalhos. Ela sempre faz os mais longos. Ele dedilha conversas. Ela discursa. Ele é da crença. Ela é do merecimento. Ele não vai tê-la. Ela não o espera. Ele a esbarra. Ela o olha. Ele abre as portas. Ela sorri. Ele não entende impossibilidades Históricas. O desmanejo do tempo. A inutilidade dos abraços.
Defeitos não serão vistos. Discussões não terão recomeço. Desculpas não serão usadas. Nem ele, nem ela, nem um beijo roubado. Só aqueles dias. E aquele tanto de amor. Ponto final. "
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ouvi essa música na rádio enquanto escrevia o texto. não achei letra nem nada e não faço a mínima idéia de quem canta. mas achei o texto em um blog. \o/\o/\o/

• purifica ?

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Papéis, canetas, lápis. Aquela caixinha onde se guardava o sofrimento. Cartas? and you never sent me no letters. Papéis da época da escola, papéis da época do amor. Fotos, muitas. As palavras visitaram um lugar em que talvez fossem esquecidas. Os vestígios não. No fundo daquela mesma caixa, do primeiro presente. A maior delas. Às vezes dava vontade de botar fogo. Esquece rapidamente a inútil decisão. Volta ao mesmo pressuposto.
“ engana o cérebro que organizar purifica a alma ”

quarta-feira, 14 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

• acima do sol

Os dias passam e o que fazia sentido agora deixa de ter significado, pelo menos lógico. Não há mais nada que faça voltar ou revoltar os sentimentos até então existentes. Atrás das janelas não se vislumbra mais o horizonte em comum que por algum motivo ou razão existiu, um dia. Por um momento ela quase deixa de sentir fome ou frio, daqueles de gente, de amor, de cumplicidade e entrega. Recompõe-se devagar, traço após traço. Os sonhos ainda a incomodam, e no meio da noite às vezes acorda assustada, pensando ser algum sinal. Eu queria insistir, mas o caminho só existe quando você passa... De repente, aquele outro ser que se misturava em sentimentos - ou em razão, que seja – ao dela, havia trazido uma possibilidade de deixar de lado a estagnação, a inércia. Poderia permanecer em casa lendo, ou sair e ver o mundo, sem se importar com o porvir. ‘ Estou contente outra vez’, pensou. E era tão bom se sentir assim.

Assim ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis... ♪

domingo, 28 de março de 2010

• carta

Cansado, cansado. Quase não dormi. E não consigo tirar você da cabeça. Estou te escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Penso em você, penso em você com força e carinho.
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Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência.E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.
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Todos os meus pedaços aqui. E você não me conhece, eu não conheço você.
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Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse.
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Please, save me the waltz.
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Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Eu não queria saber.Tão artificial, tão estudado. Detesto ouvir minha voz no gravador ou ver minha imagem em vídeo. Sôo falso para mim mesmo. A calma, o equilíbrio, as palavras ditas lentamente, como se escolhesse. Raramente um gesto, um tom mais espontâneo. Tão bom ator que ninguém percebe minha péssima atuação.
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Você compreende tudo isso?
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Quando pergunto você-compreende-tudo-isso não estou subestimando você. Ah, deus, perdoe. Não sinto agressividade nenhuma em relação a você. E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, soma-las, diminui-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.
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nossa necessidade fresca & neurótica de elaborar sofrimentos e rejeições e amarguras e pequenos melodramas cotidianos para depois sentar Atormentado & Solitário para escrever Belos Textos Literários.
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Não há nenhum subtexto nisto que te escrevo. Não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais.
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E toda essa peste, meu amigo. O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, “esse lugar confuso”, o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida.
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De repente me passa pela cabeça que você pode estar detestando tudo isso e achando longo e choroso e confuso. Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir.
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Sei que não fico assustado demais, e enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano – tudo se ajeita. Menos a morte.
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Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas… Uma lembrança boa de você.
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Quando te falo da idade, quando te falo do tempo, e não tivemos tempo – queria te falar de Cronos, Saturno, da volta pelo Zodíaco quando se completa 30 anos. A tua estrela é muito clara, tem sinais bons na tua testa. Compreendo teu Plutão e a Lua encarcerados na casa XII – as emoções e paixões aprisionadas -, e também Urano, todo o impulso bloqueado. Na mesma casa, a do Karma, a dos espíritos que mais sofrem, tenho também o Sol, Mercúrio e Netuno. Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos.
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E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem.
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Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz.
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Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo.
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p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.
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o texto é do caio fernando abreu, cortado e fragmentado, mas sem a alteração de uma palavra sequer. engraçado como ele me traduz às vezes, ou sempre.

domingo, 21 de março de 2010

• futuros amantes

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E o dia amanheceu acinzentado, mas não o mesmo de sempre. Cores passavam entre as nuvens com a quase intenção de um arco-íris. Fazem e Desfazem a ilusão do meu dia. Arco-íris não são legais, pensei. Pensei também que por um tempo eu pensaria que nada mais seria legal, completo. Engano, como sempre me enganei. É tão difícil acreditar em nós, e mais difícil ainda passar isso a alguém. Perdi a capacidade de amar e talvez ela nunca volte. Hoje as coisas são encantamentos. Assim como me encanto pelo amanhecer e logo mais pelo crepúsculo. Assim como um por do sol pode ser a coisa mais fantástica de se ver em um dia. Pena ter perdido metade de mim na caminhada. Uma interrogação,sou hoje. E quem saberá por quanto tempo. Ósculos e Amplexos.
Futuros amantes, quiçá ♪
ps:. sim, eu modifiquei esse texto e apagay, os dois de cima dele.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

• be my mirror

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I used to rule the world     Eu costumava dominar o mundo
Seas would rise when I gave the word Os oceanos se abriam quando eu ordenava
Now in the morning and I sleep alone     Agora pela manhã durmo sozinho
Sweep the streets I used to own     Varro as ruas que já foram minhas ♪
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Ela costumava dominar o mundo, não sentia dor, nem sentia frio. Quando as ruas e os lugares a pertenciam. Andava por lugares desconhecidos e era dona de si. I used to roll the dice. Feel the fear in my enemy's eyes. ( Eu costumava jogar os dados. Sentir o medo nos olhos dos meus inimigos. ) Ela amava, claro que sim. Mas quando não se expõe sentimentos o risco de queda é menor e quase indolor. I hear Jerusalem bells are ringing. Roman Cavalry choirs are singing. Be my mirror, my sword and shield. ( Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando. Corais da cavalaria romana estão cantando. Seja meu espelho, minha espada e escudo ) E então descobriu que podia ser melhor e amar incondicionalmente. Que podia acordar todos os dias dizendo eu te amo ao mundo todo, e agradecendo por ter pessoas verdadeiras ao seu lado. For some reason I can't explain. I know Saint Peter won't call my name. Never an honest word. But that was when I ruled the world. ( Por algum motivo que não sei explicar. Eu sei que São Pedro não chamará o meu nome. Nunca houve uma palavra honesta. Mas isso aconteceu quando eu dominei o mundo. ) Mas as pessoas ao seu lado, como manequins falsos em uma vitrini, desfizeram-se feito estátuas de sal . One minute I held the key. Next the walls were closed on me. And I discovered that my castles stand. Upon pillars of salt and pillars of sand. ( Em um minuto eu segurava a chave. No outro as paredes se fechavam contra mim. E eu então descobri, que meus castelos se apoiavam sobre pilares de sal e pilares de areia. ) Então ela percebeu que dominar o mundo era mais fácil, mas já era tarde demais.
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Revolutionaries wait     Revolucionários esperam
For my head on a silver plate     Pela minha cabeça numa bandeja de prata
Just a puppet on a lonely string     Apenas um fantoche numa corda solitária
Oh who would ever want to be king?     Oh, quem jamais desejaria ser rei? ♪

domingo, 7 de fevereiro de 2010

• eu nunca disse adeus

' acho que prometi até parar
de beber e de fumar ...

Pra que o mundo se acabasse em álcool. Pra que o cigarro consumisse até a última parte de ar puro. Pra que todas as pessoas desaparecessem do lugar e ela ficasse sozinha em um lugar imaginário. Pra que as luzes parassem de brilhar até que a luz no final do túnel também apagasse. Pra que não tivesse mais volta.

... agora, pra sempre
foi embora
mas eu nunca disse adeus ♪

sábado, 6 de fevereiro de 2010

• paisagem

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De longe na paisagem tudo é tão perfeito tudo é tão normal. De perto toda coisa linda mostra algum defeito e eu me sinto igual. Sem querer eles se apaixonaram. E de repente um era do outro e só. Eu e você descobrimos a pólvora, a diferença nos faz tão bem. Somos os mesmos há milhões de anos: amantes, errantes, humanos! E agora me conta o que aconteceu ? Que eu ando encostando meus sonhos nos seus... E era diferente, ou pelo menos ela imaginava que fosse. E as horas eram legais e os papos eram legais. Eu guardo as lembranças em fotografias, tudo é de papel. Se eu já soubesse antes, eu te contaria: sonhos de aluguel!
E um dia, depois de muito tempo, quando não mais doesse , perguntariam a ela por que não deu certo, e ela responderia: Porque no fundo ele era igual a todos os outros.
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese ♪

sábado, 30 de janeiro de 2010

• acho que é um ponto

" - E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre. "

hoje eu não sei escrever, acho que o texto fala por mim. né?!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

• santa chuva

    Escrivaninha, mesa de computador, cama, guarda roupa, cômoda, três bancos, all star’s pelo chão, fotos e recortes de jornais em todas as partes do quarto, três, TRÊS mapas espalhados pelas paredes, alguns rabiscos na parede branca, dois calendários e uma estante de livros na parede azul, um esqueleto e medalhas atrás da porta. Na escrivaninha um som, que nunca fica desligado, três bolinhas de malabares ( rosa, amarela e roxa ), um dicionário para emergências e uma pequena caixa com canetas e marcadores de página que ela nunca ousou usar, e alguns presentes do México e de Portugal, espalhados 48 lápis de cor sendo o preto o menor deles. Algumas folhas sulfites. E idéias que não chegavam a encontrar o papel, nem se quer para rabiscar. Lá fora a chuva, de novo e de novo.
    O cabelo bagunçado, de pijama e meia, com uma unha rosa escura e outra rosa clara e com glitter . Engraçado.
    Engraçado também o quanto ela envelheceu de uns tempos pra cá. Os 6 kilos a menos também fizeram a diferença. O cabelo mais curto nem tanto, já que parecia estar grande demais, mais uma vez. Os pensamentos mudaram, as idéias e os ideais. A promessa de um novo ano sem sofrimentos ainda não tinha sido cumprida, não ao pé da letra. Ainda.
    Você tem certeza disso ? Claro que sim! Então não para de remar que eu não paro também. E a gente vê até onde isso vai dar [ ... ] Uma casa no campo, só para fugir da correria da cidade às vezes. Pelo menos um final de semana em um mês, que seja em um ano, só para nós. Cinema, peças de teatro. De vez em quando, mas só de vez em quando, discutir sobre História ou Literatura, que é para não ter briga. Porque eu sei que nenhum de nós daria o braço a torcer. E, claro, claro que teríamos as brigas de casais que acabariam em ... ! Viagens inesperadas deixariam os nossos corações apertados, e trabalhos de faculdade ou da escola tomariam nosso tempo. O tempo que a gente nem sabe se tem .
    Ainda não sabe o que desenhar, talvez um barco a deriva, esperando um porto.
    Nossos filhos, deixa eu ver. Dois no máximo, e que sejam inteligentes ou pelo menos esforçados, porque não tenho paciência com gente burra. Mas isso beeem pra frente. Uma biblioteca gigante na nossa casa e um papel de parede de mapa, por favor. Uma parede do nosso quarto vermelha e uma poltrona, sempre quis ter uma poltrona. Não precisa ser grande, a casa eu digo, mas que seja organizada. E nem pense em trocar alguma coisa de lugar, que seja um livro da estante, eu tenho problema com isso. Risos. E quanto a dormir com a luz acesa, eu sei que você não consegue, então a gente pode negociar. Nada de abobrinha batida no almoço, por favor, eu sei.
    Ria das invenções que fazia, a chuva continuava a cair e lembrava uma música ... e reza ajuda de Deus, mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim ♪ ... De repente o telefone tocou. Na mente fantasia.

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você me ligou
naquela tarde vazia
e me valeu o dia ♪ '

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

• não precisa ser de novo assim, tudo igual

O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar ...
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    E mais uma vez os sentimentos vieram perturbar, inquietar. Tão confusos como nunca foram. Dilacerando todas as partes do corpo. Surgem após outra reviravolta do destino. Acaso. Uma parte de mim quer correr e a outra espera, espera e espera. Por um sentimento que nunca cessa e por alguém que nunca vem. Não vem.
.    Tudo deveria fazer sentido mas não faz, sobra só a melancolia. Sobra a esperança e o querer proseguir sem fé nenhuma. E onde isso tudo vai levar não sei se vou estar consciente pra saber. E os mistérios impedem, e o medo de proseguir é latente. Você não sai do meu pensamento e eu me questiono aqui se isso é normal. Não precisa ser de novo assim tudo igual.
    Às vezes parece que as coisas voltaram a fluir, a seguir seu curso. Utopia. Complicado guardar sentimentos em um mundo onde a única certeza é que a vida tem um fim. Ninguém entende e nunca entenderia, se eu mesma não sei onde quero chegar,e até onde consigo ir . Se é que realmente existe algum lugar. É diferente, eu sei que é, ainda que você não entenda isso, e eu sei que não entende. Entre o retorno se Saturno e o seu, busco uma resposta que acalme meu coração. Do amanhã não sei o que posso esperar.
    As horas passam, mas o relógio aqui está parado. Perdeu-se o tempo e a cada minuto perde-se mais. É dificil saber quando a luta é em vão. É difícil saber quando parar. Não precisa ser de novo assim tudo igual.
.
... guardei
sem ter porque
nem por razão
ou coisa outra qualquer
além de não saber como fazer
pra ter um jeito meu de me mostrar ♪ '