Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

terça-feira, 2 de julho de 2013

a seta e o alvo



O barulho frenético dos carros que passam na rua e atrapalham a música do que poderia ser um entardecer tranquilo. São seis da tarde e não se pode ouvir o bater do próprio coração tamanho é o alarido dissonante do fim do dia. Impossível seria continuar nessa vida, todos os dias, de todas as horas a fio sem um pingo de estresse. Com o tempo as pessoas e os dias ficam menos tolerantes. Com o tempo esse barulho excessivo incomoda. Com o tempo não ter tempo para simplesmente contemplar a vida, nem que seja essa mesma vida mediocrezinha de todos os dias, cansa. Até quando os barulhos ensurdecedores das buzinas dos carros, das pessoas falando alto nos lugares fechados, o ronco do motor, o som alto da televisão, dos toques de celulares, das pessoas que não conhecem os fones de ouvido serão mais alto que a voz de nossa própria mente? Até quando aguentaremos o barulho das grandes metrópoles e voltaremos para casa cansados do dia exaustivo e infrutífero de trabalho? Até quando viver vai ser esse acordar cedo e dormir tarde sem nenhum retorno benéfico? Até que ponto a nossa mente aguenta sem enlouquecer?

Hoje eu queria que o mundo fosse feito de silêncio.

Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

então me diz qual é a graça”

2 comentários:

Paulinha disse...

Até quando?
Pelo menos esse barulho todo valeu esse texto foda!

Raphael disse...


A Paz
Gilberto Gil

A paz invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais

A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino; A paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz

Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz

Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos "ais"