Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

sem aviso

Inútil foi o pensamento de que após o fim as coisas poderiam seguir como sempre foram antes de qualquer começo. Em meio a rebuliços pensou poder calar qualquer grito em que se levantasse a bandeira branca. No entanto, parece mais que certo que, uma hora ou outra as coisas se findarão por completo. Poderia adiantar o momento mandando tudo ao raio que o parta, mas anda fraca e sem esperanças pra se arriscar a perder mais alguém. Poria em palavras mais que desnecessárias todas essas frases tortas e enviaria por correio se pudesse. Escreveria cinco ou seis bilhetes e espalharia pela casa só para se lembrar de esquecer. Mudaria o quarto de lugar e todos os livros da estante e “enganaria mais uma vez o cérebro de que organizar purifica a alma”.

E a própria simplicidade das coisas se perde a cada momento de palavras mal ditas. Uma miríade delas se forma cada vez mais. Até quando, meu Deus?


"Calma
Dê o tempo ao tempo, calma
alma
Põe cada coisa em seu lugar
E o dia virá, algum dia virá
Sem aviso

então..."

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