Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

sexta-feira, 1 de junho de 2012

lado B

De ontem para hoje nem tudo é normal. Daqui pro futuro falta menos que um suspiro. Eu por aqui vou repintando as paredes e mudando os móveis de lugar. Recortando coisas novas para colar no meu céu. Jogando aquele pincel cinza fora. Já não durmo e apago cigarros sem ver. Comprei outra garrafa de conhaque, outrodia abri uma garrafa de vinho. Alguns ressentimentos ainda perduram. No momento não há muito o que se fazer a respeito, apenas ascendo um novo cigarro. Tem muita vida passando pela janela do meu apartamento. Dia desses jogo tudo fora, pego minha mochila e vou embora pelo mundo. Tenho 20 e poucos anos e muita vida pra ser vista. Entôo algumas velhas canções, boto um folk novo para tocar no meu som. Daqui a pouco jogo tudo pro alto e mudo de vida, de nome, de tom. Qualquer dia desses paro de ouvir MPB e mudo de país. Tenho visto a vida passar pela janela do meu apartamento e sinto que a estou ignorando. Meia dúzia de livros na sacola e uns óculos de grau, tenho visto pouca gente interessante passar por mim. Dia desses comprei um óculos de sol com um poema, ainda não consegui lê-lo. Tem lua aqui e em todo lugar, não dá pra ficar lamentando a vida. Atravessa meu caminho de novo e colore meu mundo de cinza que eu atiro a primeira pedra que encontrar. Hoje eu só preciso de alguém distante, um alguém do outro lado que me arranque um sorriso bobo do rosto e me deixe (re)inventar o tempo. Daqui a pouco jogo tudo pro alto e mudo de vida, de nome, de sexo.

“How many nights of talking in hotel rooms can you take?
How many nights of limping round on pagan holidays?
Oh, elope with me in private and we'll set something ablaze
A trail for the devil to erase”

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