Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

terça-feira, 23 de agosto de 2011

e se

Que a morte é a ausência da vida todo mundo sabe. E as horas giram devagar ou às vezes depressa demais. E o tempo engole tudo (ou quase). Passa o tempo mas não passa a saudade daqueles que um dia estiveram conosco. E as memórias podem ser todas esquecidas, pois, no exato instante em que aconteceram talvez não fossem tão importantes. E foram, e são, e em pouco tempo tudo se findará. As luzes ao fundo se apagam, os relógios de parede ou de pulso, o big ben, todos param. Um dia. E nada mais se tem além do vazio, que nada mais é que a ausência, ausência de quê? Quando o sol acabar, não chore por mim, não chore por mim que não quero ver você triste nem seus olhos cheios d’água. Deixa que com o tempo as coisas se acertam e o que não tem remédio remediado está. Então venha para perto de mim enquanto há tempo. Não deixe o sol se findar, e o tempo correr. E tudo acabar afinal. Que a morte é a ausência da vida todo mundo sabe. Mas e se eu morrer?