Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quarta-feira, 30 de abril de 2014

do último dia de abril

abriu meus passos em descompasso
abriu o horizonte da falta de perspectiva

mas, abriu a janela e deixou a luz entrar
abriu um sorriso pro quotidiano da minha vida

abriu a porta e deixou entreaberta
no último dia, abril

segundo domigo de maio

só existe silêncio e solidão
debaixo da linha do equador

sábado, 26 de abril de 2014

presente
pré sente
pressente
futuro

ode ao moderno

a língua portuguesa que me desculpe
mas considero um anacronismo
os querer-te, fazer-te, amar-te

o mundo moderno não tem hífem-te
tem espaço só para pausas, suspiros,
(des)construção

segunda-feira, 21 de abril de 2014

estrelas em mosaico
as luzes do outdoor que cintilam
é só haikai de feli(z)cidade

(aguardando uma imagem que (com)ponha esse poema)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Piano bar

e agora você só tem olhos pras garotas de ipanema

"você me ligou naquela tarde vazia, e me valeu o dia"
todos os dias
chega pra cá
que aqui desse ângulo
seu corpo fica melhor com o meu

"que esse lance de um tempo nunca funcionou pra nós dois"

dividida


Jusqu'à La Mort

outono
e os pés com plantas

"e o quotidiano da minha vida complicou-se" Hilda Hilst

Little Red Fish

o peixe do aquário
no pequeno retângulo de água
só tem água e oxigênio
para o peixe do aquário

"mas tinha que respirar, todo dia, todo dia, todo dia."

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Rule My World

o teu corpo na fotografia
daqueles primeiros anos de ginásio
o teu corpo  distante
tal qual a flor do lácio

o teu corpo em pena e poema
num instante
o t(eu) corpo estirado no m(eu) quarto

calor nº 1

o sol entra pela fresta da janela
o ventilador ligado

se a gente não morre de calor
morre de tédio