Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

domingo, 1 de abril de 2012

nenhum milagre

“Conclui que não é infinito o número de possíveis experiências
e que basta uma única ‘repetição’
para demonstrar que o tempo é uma falácia”
O milagre secreto – Borges

O tempo é uma falácia!
Inúmeras vezes vi fatos se repetirem
Diversas noites foram viradas em vão
Contemplei meu corpo que jazia entre as ruínas de Roma
Nenhum milagre me salvará
Não encontrei Deus em nenhuma letra de nenhuma página dos milhares de livros que li
Ele jamais atenderá meu pedido
Tão desafortunado fui eu no dia em que acreditei que o encontraria
Nem em sonho tenho me salvado
Desejo a repetição de todos os outros dias
Coisa ainda mais falaciosa
Deixarei que meu corpo seja entregue e desfaleça
Não quero mais lutar
Que chegue o dia da sua execução