Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

domingo, 22 de dezembro de 2013

no light, no light




Quem dera eu
Pudesse escrever uma carta de morte
Tão bonita quanto a da Virginia
“ninguém poderia ter sido mais felizes do que nós fomos”
Eu que já nem sei o que é felicidade
Tampouco sei de escrever cartas

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

talvez a loteria da babilônia

Acredito que o livro, o texto, enfim, a leitura, exerça sobre nós uma espécie de atração desconhecida. Como um Deus que trabalha na obscuridade. Não são raros os casos em que, pouco depois de lermos algo, escutamos referências a ele, sem que isso seja pré-programado. Ou os casos em que entramos em bibliotecas e temos nosso olhar desviado para um livro de nosso interesse. Ontem mesmo, por um acaso, após fazer meu chá de hortelã – porque decide entrar de vez no mundo da velhice precoce – retirei da estante de livros o Outras Inquisições, e também por um acaso li o conto A muralha e os livros. O conto, de Jorge Luis Borges, fala sobre um imperador da China que mandou construir a Grande Muralha e queimar todos os livros escritos antes de seu reinando. Não por acaso, pensando assim nesse caso de um Deus trabalhando na obscuridade, esse conto é a chave fundamental para se compreender um texto que preciso mediar amanhã, na aula de América. Se não tivesse recordado o conto borgiano, que tirei do livro que estava na prateleira, não compreenderia o texto – por sinal bastante complexo – da aula de amanhã.
 
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“Minha solidão se alegra com essa elegante esperança.” 
(a biblioteca de babel, jorge luis borges)