Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quinta-feira, 8 de março de 2012

o misterioso caso de miss...

Meu próprio grito ecoou-me o dia todo no cérebro; até eu ter a certeza de que na esquina de uma rua qualquer eu me encontraria como de costume com ela, dando-me por satisfeita ao vê-la sumir ao longe”
o misterioso caso de miss v.
v. woolf

Andava assim como quem não precisa dizer nada a ninguém porque a beleza fala por si só. Não que essa beleza excluísse qualquer traço de inteligência como costuma acontecer hoje em dia, ao contrário, tornava-se cada vez mais bela quando dizia alguma coisa, qualquer coisa. E dizia muitas coisas, como se houvesse uma espécie de sentido em qualquer fato sem sentido que se atrevia a existir no tempo. Talvez nunca tenha existido em seu rosto qualquer expressão de infelicidade, embora, nos momentos em que lhe atacavam os nervos fosse possível perceber um acentuado levantar de sobrancelha seguido de um leve enrubescimento no rosto. Era uma dessas pessoas que não precisa dizer muita coisa para conquistar alguém.

Não poderíamos dizer que fosse possível ser acometida por uma loucura a qualquer momento. Mas, acontece que esses tempos pra cá acabou por descobrir que a NASA (National Aeronautics and Space Administration) possui satélites de alta definição capazes de identificar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Como todos bem sabemos, esses satélites, podem não só rastrear pessoas, mas também, imediatamente enviar dados para um computador no qual serão armazenadas todas as ações e palavras ditas e desditas.

Qualquer pessoa normal ao saber disso seguiria sua vida como de costume, afinal, o que se pode fazer contra satélites de alta definição controlados por uma agência do governo dos Estados Unidos com uma sigla suspeita que pode muito bem significar qualquer outra coisa? Embora não tenha colocado isso no início de maneira explicita, é importante que vocês saibam que a existência de pessoas belas e inteligentes em nosso mundo é tido como anormal, e uma hora ou outra essa pessoa dá um defeito, como aqueles robôs multifuncionais que às vezes entram em pane.

Destarte, desde o dia que descobriu que está sendo seguida pela NASA deixou de atender telefones, responder e-mails e cumprir com suas obrigações acadêmicas. E, dizem as más línguas, que às vezes faz protestos sem sentido em viadutos recém construídos e inventa caminhos diferentes tentando despistar os satélites. Como se não soubesse que mesmo se mudando para outro planeta continuaria a ser seguida, sabe-se lá por que.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

cinza.

“É um lugar-comum que não há solidão que se compare à de quem se vê sozinho numa multidão”
O misterioso caso de miss V. – Virginia Woolf


Cinéreo seriam todos os dias que se seguiriam após a sua partida. Foi talvez em meados do ano retrasado que sua vida foi inundada de plena esperança e momentos vívidos de felicidade. E mesmo nessa madrugada de profunda melancolia poderia se lembrar de situações que lhe arrancariam do rosto um sorriso bobo. Talvez seja tão-só um dia, em que descompromissadamente decidiu olhar para aquele mesmo corredor que na maior parte do tempo está inundado de pessoas e conversas inúteis. Gostaria de ter todas as lembranças boas que aquela presença imprescindível lhe causava, mas, sabia que com o tempo a memória lhe falharia. Pensou em todas as suas palavras e nas folhas com sua escrita guardadas na esperança que ficassem longe do estrago do tempo. Com o passar dos anos as folhas se tornariam amareladas assim como a ferrugem que corrói os trilhos que a pouco indicavam um caminho. Nada resiste a presença do tempo, da distância, da chuva e da saudade. Os finais felizes somente ocorrem em filmes, e os filmes só são vistos por quem se habilita a colocá-los em algum aparelho de reprodução; sonhos não ocorrem a esmo e quando ocorrem são levados com a dor de uma partida. Decerto nunca houve um tempo em que de fato se arriscaria a dizer que não sofreria com partidas e as longas despedidas. É ignorante e quase ilógico pensar que esse momento não aconteceria, e ainda assim, não consegue evitar aquela dor que dilacera a alma e permanece escondida. Sob certas luzes a esperança se vê esfacelada e a realidade corta como navalha.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

sem aviso

Inútil foi o pensamento de que após o fim as coisas poderiam seguir como sempre foram antes de qualquer começo. Em meio a rebuliços pensou poder calar qualquer grito em que se levantasse a bandeira branca. No entanto, parece mais que certo que, uma hora ou outra as coisas se findarão por completo. Poderia adiantar o momento mandando tudo ao raio que o parta, mas anda fraca e sem esperanças pra se arriscar a perder mais alguém. Poria em palavras mais que desnecessárias todas essas frases tortas e enviaria por correio se pudesse. Escreveria cinco ou seis bilhetes e espalharia pela casa só para se lembrar de esquecer. Mudaria o quarto de lugar e todos os livros da estante e “enganaria mais uma vez o cérebro de que organizar purifica a alma”.

E a própria simplicidade das coisas se perde a cada momento de palavras mal ditas. Uma miríade delas se forma cada vez mais. Até quando, meu Deus?


"Calma
Dê o tempo ao tempo, calma
alma
Põe cada coisa em seu lugar
E o dia virá, algum dia virá
Sem aviso

então..."

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

sem título

escrito em 17 de novembro de 2011

Passaram juntos cerca de 5 anos. Nesse período ela poderia dizer que tudo ocorreu da melhor maneira possível. Percebia cada dia mais seu amor crescer, e, com ele a ideia de que o eterno existia. Nenhum aviso, nem mesmo dos amigos mais próximos, faria com que ela desistisse. Mas veio o tempo e com ele as marcas do passado que manchavam a vida do outro. E foi nesse momento que descobriu que um terceiro elemento que havia desaparecido decidiu voltar a dar as caras. Ele, que jamais esqueceu nem mesmo por um minuto desse outro, viu que este poderia ser o momento certo para voltar à vida. Lembre-se que aqui falei somente do amor e da felicidade dela, e em nenhum momento fiz qualquer referência ao sentimento do outro. É sabido que a única coisa que se sabe é que na verdade não se sabe nada sobre ele. Hoje, após certo tempo de término ele ainda cobrava que fossem amigos, ora, tanto tempo não poderia ser jogado às traças. Ela, irredutível sequer dava moral. Ele, em todo esse tempo jamais a amou – nem mesmo por um minuto -, e isso ela jamais perdoaria.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

liv and let die

“ When you were young and your heart was an open book
You used to say live and let live
(You know you did, you know you did, you know you did)
But if this ever-changing world in which we live in
Makes you give in and cry

Say live and let die
(Live and let die)
Live and let die
(Live and let die) ”

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

vero

Notei de repente que algo mudou esta semana. Não saberia dizer agora o que de especificamente ruim aconteceu para que de uma hora para outra algo se perdesse quase sem possibilidade de volta, pelo menos não de imediato. Nos últimos momentos da noite muitos queriam se afundar em uma boa dose de qualquer bebida forte. Inéditos frente o outro pessoas de repente se descobriram, ou se encobriram, ou criaram uma nova máscara sob a antiga, ou se caracterizaram. Em vestes do acaso tentaram se lançar, tudo em vão. Entre um copo e outro nenhum futuro promissor. Apenas as memórias criadas ou recriadas de um passado que insistiu em deixar marcas. Um dia inventamos que teríamos tempo para estudar, hoje inventamos que teremos tempo para amar. Por vezes pego-me inventando uma nova forma de viver, por vezes todos nós. Ainda não inventaram um remédio para os desesperados. Aquela noite no bar não tocou nenhuma música triste da madrugada, e não precisava. Mal imaginamos o esforço que é feito todo dia para (re)invetar viver, e nem sempre dá certo. Percorremos todos os dias os piores caminhos sem saber se há no final um pote de ouro. Tantas vezes sufocamos o amor que teima em surgir com pressa. Peço por não me tornar uma pessoas dessas em que o coração quase não bate. Entorpecidos naquela noite tentamos inventar uma nova forma de amar, mas nada funcionou. Quem quer fazer de toda vida uma nova acaba sem viver vida nenhuma. Acaba sem amar, mas talvez por isso mesmo acabe sem sofrer. E hoje, quando despedi-me de você percebi que algum lugar ficou perdido, em um buraco negro – e por isso mesmo – que nunca se pode resgatar. Hoje quando te abracei lembrei-me da noite no bar. Tão p e r t o, tão longe. Quem sabe um dia iremos sentar e descompromissadamente admirar a vida. Mas só nostalgia é o que tem pra hoje.



Chovia nas ruas do meu coração
Fora dos trilhos, cidades


Lua cheia clareava
Imaginei que sonhava
E era tudo real”

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

o conto mais triste do mundo

Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas.
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros.

(Fernando Pessoa/Álvaro de Campos)

Pode entre o amor e a amizade alguém escolher o segundo? Eu respondo que não, e essa como todas as histórias do mundo não pode ser diferente. E não pode ser diferente não porque as personagens sejam comuns, porque não são, é simplesmente pelo fato de que no fim as justificativas para a felicidade sempre se encontram ligadas ao primeiro.

Já ia dar aquela coisa escura no coração, de quem perde alguma parte dele, sem nem mesmo saber por quê. E o que seguiria desde então seria um discurso dos amantes mal amados, que, creio não ser a questão. E ele diria coisas tolas como tudo se ajeita no final e sorriria como se sorri às pessoas de que se gosta muito. Lentamente ela sentiria que seu coração havia enfim se acalmado e conversariam sobre os últimos livros lidos.

No entanto, esse não é um dos casos em que a tristeza e a decepção podem ser substituídas por um sorriso e um abraço. E ela recusaria o abraço e partiria. Ele, mesmo imóvel, sentiria que naquele momento o fio que os ligavam havia se partido, e, dessa vez sem nenhuma chance de volta. E a chuva indicaria o fim de algo que sequer chegou a ser.

E não porque não o amasse, ou porque não o quisesse bem, ou porque ele havia deixado de ser seu melhor amigo, mas, porque não sabia mentir.

E não há, agora, motivo para os verbos das frases acima estarem no futuro do pretérito...

Escreveu a última carta, quase um bilhete, quase um apelo: - Desculpe, mas não posso morrer com você.

Nesse instante descobriu qual era o gosto que insistia em aparecer em seu paladar durante toda semana: era o de morte.

domingo, 27 de novembro de 2011

o fim

“Meu próprio grito ecoou-me o dia todo no cérebro; até eu ter a certeza de que na esquina de uma rua qualquer eu me encontraria como de costume com ela, dando-me por satisfeita ao vê-la sumir ao longe”
o misterioso caso de miss v.
v. woolf


Olhando a pequena escrivaninha, a parede borrada de desenhos e reportagens de jornal. Passou o dia todo pensando em como se contentava com pouco e pensando também nas possíveis conseqüências geradas por essa atitude involuntária. Aquele mesmo sorriso que poderia perpetuasse por longos dias, ou o abraço que não precisaria de se repetir com freqüência. Pensou também por certo tempo nos amores que logo lhe apareciam e sumiam e passavam como os ponteiros do relógio. E nessas horas que lhe aquietava o espírito lembrava-se que de longe nem mesmo a dor era tão intensa, e que a saudade quando teimava em aparecer era substituída por um livro de romance qualquer que retirava da estante.

O espelho já não refletia a pessoa de anos atrás, tanto que de longe nem a reconheceria. O fato de perceber a facilidade em trocar pessoas por livros por um instante a incomodou, mas não tempo suficiente para fechar o livro e aceitar o convite de passeio.

Aos poucos tentou juntar pequenas atitudes ou gestos mentais que colocasse algum ponto positivo na balança das pessoas que tinha do outro lado a não existência delas, essa com muitos pontos. Nesses instantes em que se deitava e olhava para parede manchada de desenhos e reportagens de jornal algumas ideias malucas passavam por sua cabeça. Pensava em se casar e ter filhos ou ser crítica literária, nunca as duas coisas.

Um dia ao acordar de um pesadelo, ou talvez ainda estivesse nele, todas os desenhos e reportagens haviam sumido, e também a escrivaninha, e também seu coração. Ecoavam pelo quarto notas musicais de uma melodia fúnebre. Foi nesse dia que decidiu dar uma volta no parque, todavia, nada de inusitado aconteceu e teve mais uma vez a certeza que dentro do seu mundo as coisas eram bem melhores.

Não poderia dizer que com isso tornara-se uma pessoa amarga ou ressentida, era simplesmente o caso de não querer companhia. Na verdade, esses adjetivos só eram colocados por pessoas que pensavam que para qualquer pessoa há outra e que não é possível ser feliz sozinho. É certo, porém, que ainda que o seu atual estado não correspondesse ao pleno de felicidade não se sentia triste.

Esse talvez tenha sido o resultado de alguns poucos anos de sofrimento, contudo, suficientes para perturbar o mais são dos espíritos. De fato, se fossem esses os pressupostos para dizer que uma pessoa era ou não ressentida poderíamos dizer agora que a nossa personagem o era em último grau.

Nesse entremeio de pensamentos percebeu de repente que sua roupa manchara-se de sangue, e não sabia de onde vinha, e nem como aconteceu de se machucar. Poderíamos dizer, talvez, que o sangue viera após todo esses pensamentos que lhe acometeram o espírito no instante em que criou a máscara de não sofrimento, naquele mesmo instante em que disse que a saudade e a dor não eram intensas. Não poderia viver sem o sorriso dela, ou o abraço dele, ou as frases de outro. Não poderia viver sem alguém, nem mesmo – por menor que seja - sem a sombra desse alguém.

Tudo acabou no momento em que tentou se convencer de que sua própria existência era suportável. Acaso não tivesse tentando se convencer dessa situação - ou criar motivos para – teria continuado a viver.

Só vive quem não cria justificativas ou tenta velar a dor.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

deixa o amanhã

“... indignando-se, quem sabe, uma vez a cada 15 dias, e depois aquietando-se como se aquietava agora.”
A Viagem – Virginia Woolf

Talvez, e na verdade havia passado pouco tempo, e agora assim deitada olhando para o teto como era de costume, perguntava-se como tudo passou tão rápido. Subverteu um sentimento que pensou nunca mais se extinguir. Não poderia sequer fazer uma pequena retrospectiva de como tudo caminhou, parecia enfim, que entrava em uma existência superior. Um dia, sequer se lembraria desse sentir que por alguns segundos a atormentara. Mistério maior seria descobrir como depois de tantos gestos e palavras medíocres não houve a ruptura fatal. Um dia meio triste, meio cinzento, meio qualquer coisa.

Um dia compreenderia que não existe uma pessoa completamente boa ou sem defeitos. Nas noites de inverno perceberia que não era regra ter alguém para tomar chocolate quente frente à lareira. Compreenderia, um dia, que quando pegasse o telefone para pedir ajuda ele não atenderia, não se importaria, não retornaria.

Daquele ser despido de qualquer sentimento nada poderia exigir.

Quase sentiu medo quando percebeu que poderia o ter perdido para sempre - que poderia ter perdido o garoto que um dia ela conheceu e sentou-se ao lado em um banco de praça qualquer - mas, agora não sentia nada. Somente aquelas pequenas agulhadas incomodavam vez ou outra quando ele quase que de propósito dizia ou fazia as piores coisas do mundo somente pelo simples prazer de sofrer.

bandolins

“Como fosse um par que nessa valsa triste se desenvolvesse ao som dos bandolins...
( Bandolins – Oswaldo Montenegro )

Então a noite chegara e como é de costume nesses tempos frios, decidiu dar uma volta pela cidade. O ar gélido em seu rosto a fazia lembrar dos invernos passados com a família a beira do lago congelado, e os bonecos de neve e todo o resto. Mas parecia que não iria nevar e só restava, portanto, o frio que queimava seu rosto e o silêncio na rua como se fosse tempo de reclusão. A princípio não havia se acostumado com esse ritmo em que olhares que se cruzavam poderiam nunca mais se encontrar, mas, com o tempo tudo tem seu remédio. Os passantes apenas se misturavam às luzes da cidade. De vez em quando algum barulho cortava a monotonia que era caminhar pelas ruas à noite, ainda que estas estivessem cheias de pessoas.

Pensou por um instante nessas pessoas. Onde estavam indo? O que fariam? Teriam elas um café quente e um amor quando chegassem em casa? E os solitários que por um instante não o estavam ao se misturarem aos demais transeuntes, o que fariam depois? Seriam ainda solitários em meio a tantas pessoas ou a solidão se daria apenas no momento em que abriam a porta de seu apartamento e não encontravam ninguém? Poderiam chamar esse local de lar?

As vitrines das lojas embaçadas pelo frio, lá dentro talvez, as pessoas estivessem felizes por mais uma noite de inverno em que poderiam tomar chocolate quente aos pés da lareira. Mais bonito seria se fosse Natal, todas aquelas luzes e os enfeites da cidade, e as árvores que poderiam ser brancas e verdes e coloridas ao mesmo tempo como em nenhuma outra época do ano. Poderia simbolizar um futuro melhor e talvez fosse esse mesmo o significado. Certo ou não, as pessoas por ora acreditavam. Ela ao contrário nunca tivera muita paciência com o Natal e nem mesmo com a passagem de ano, o novo a assustava, talvez por algum motivo. Em meio a esses pensamentos percebeu que se tornara por um instante vagamente frágil.

Continuou andando, aos poucos a grande aglomeração de pessoas passeando se resumia a pequenos grupos e alguns casais. O inverno era bonito porque as pessoas se aproximavam, isso desde os primórdios da existência, quando era preciso sobreviver. Hoje as pessoas ainda se ajuntam para sobreviver, mas não porque morreriam de frio.

Ao longe podia avistar uma roda de amigos que conversava, à porta de um Café. Não teriam muito o que fazer essa noite, com todo esse frio, pensou. Talvez a melhor ideia fosse ligar para algum amigo e propor uma ida ao café, mas as suas mãos agora quase se congelavam de frio e a melhor opção seria deixá-las dentro dos bolsos. E iria afinal, sozinha ao café.

Lá dentro, no café, realmente estava mais quente do que na rua. A decoração do local se assemelhava a qualquer coisa que lembrasse a década de sessenta, tons amarelos que se misturavam a vermelhos harmoniosamente. Um grande balcão de vidro onde se encontrava uma série de guloseimas. As mesas cercadas por banquinhos redondos completavam a decoração. Pensou que a pouco encontraria alguém com uma fita no cabelo. Não apareceu ninguém, a garçonete vestia uma roupa amarela e tinha uma fita no cabelo, mas nada indicava que ela havia voltado no tempo e parado em um café dos anos sessenta.

- Bonne nuit madame, s’il vous plait

- Je veux deux brioches et un café

Enquanto esperava percebeu que o local aos poucos se enchia, assim como a cidade lá fora. Parecia que todos estavam à espera de um acontecimento, pré-programado. De repente, um rapaz pediu para sentar-se ao seu lado. Logo o café chegou e distraída como estava sequer trocou uma palavra com ele, na verdade, nem o reparara direito.


Continua...