Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

sexta-feira, 4 de junho de 2010

- o mundo é um moinho

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Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó. ♪
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Não queria de forma alguma pensar em tudo isso de novo, fazia mal. Reviver momentos na memória. Inútil qualquer tentativa de aproximação. Partiu irremediavelmente. E ainda que tenha aceito isso como nova forma de vida, queria às vezes pensar no que poderia acontecer se não houvesse acontecido o toque dos corpos, das almas. Por um minuto. Ainda que falsamente. Utópico demais, pensar no que poderia ter sido e não foi. Às vezes a espera de uma carta ou um telegrama. Passa rápido. Passa rápido porque agora outro ser se misturava ao dela. Carne, corpo, alma, pensamento. Tudo. Idiota quem disse que não se esquece uma pessoa com outra. Esquece sim, esquece e passa. Fica só o gosto amargo daquilo que não tem nome. O ódio, o ressentimento. Da vida que foi negada, do perdão que foi negado, e das horas a sós que foram substituídas por bebedeiras com os amigos. Fácil era dizer agora que ela não o conquistara. Muito fácil, limpar o porão sujo agora que todos os móveis e entulhos foram retirados. Depois que a grande decisão foi tomada pelo dono da relação. Grande decisão? É, você pode definir também como seqüência de acontecimentos estranhos e desmedidos. Mas, será por quê? Não importava agora né, agora que...


Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida"
caio fernando abreu

Um comentário:

Samara Sousa Piassi disse...

(...)Muito fácil, limpar o porão sujo agora que todos os móveis e entulhos foram retirados. #fato
LINDO !!