Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Can't Take My Eyes Off You

Como pode me atirar do precipício após me levar até ele? Como pode depois de tanto tempo desacreditando em tudo que era dito amor, fazer com que tristezas se repetissem? Nunca pedi socorro, nunca tive nenhum estado de fraqueza. Nunca corri para a estrada e nem pedi ajuda. Nunca mais acreditei que poderia sofrer. E como pode tudo desaparecer após segundos, como pôde me atirar do precipício? Nunca acreditei em promessas e por isso não as fiz, e sei que também não fizestes. Você apenas estava lá acenando na beira da estrada e fazendo pedidos ao acaso. Você apenas deixou que eu me apaixonasse e no dia seguinte partiu. Nunca fizemos planos de verdade e mesmo assim fica aquele gosto amargo de uma vida que não foi. Sei que fizestes sem pensar, sem dimensão, e assim também o fiz. Sei que não se dá amor pedindo amor em troca. Sei que pode não ser uma via de mão dupla. Mas nem tudo que a gente sabe, entende. Não é como apertar o gatilho, ou tirar a mangueira do gás e esperar pela morte. É involuntário, melancólico, lento e sofrido.

Não quero ser. A mão que guia o mundo nada faz a meu favor. Não há nada em si a ser descoberto nem encoberto. O tiro do revólver foi dado e não há salvação em nenhuma dimensão. Naquele mesmo cais o barco afundou, e só sobraram destroços que não mais tomarão forma. Naquele mesmo dia em que me sentei ao seu lado no banco da praça sabia que alguma coisa irremediável aconteceria.

Você apenas estava na estrada acenando e fazendo pedidos ao acaso. Você apenas me atirou do precipício. Quando o sempre é nunca.

"And so it is

The shorter story

No love, no glory

No hero in her sky"


inspiração original: http://papoprivada.blogspot.com/2011/07/falsos-poetas.html

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