Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

talvez a loteria da babilônia

Acredito que o livro, o texto, enfim, a leitura, exerça sobre nós uma espécie de atração desconhecida. Como um Deus que trabalha na obscuridade. Não são raros os casos em que, pouco depois de lermos algo, escutamos referências a ele, sem que isso seja pré-programado. Ou os casos em que entramos em bibliotecas e temos nosso olhar desviado para um livro de nosso interesse. Ontem mesmo, por um acaso, após fazer meu chá de hortelã – porque decide entrar de vez no mundo da velhice precoce – retirei da estante de livros o Outras Inquisições, e também por um acaso li o conto A muralha e os livros. O conto, de Jorge Luis Borges, fala sobre um imperador da China que mandou construir a Grande Muralha e queimar todos os livros escritos antes de seu reinando. Não por acaso, pensando assim nesse caso de um Deus trabalhando na obscuridade, esse conto é a chave fundamental para se compreender um texto que preciso mediar amanhã, na aula de América. Se não tivesse recordado o conto borgiano, que tirei do livro que estava na prateleira, não compreenderia o texto – por sinal bastante complexo – da aula de amanhã.
 
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“Minha solidão se alegra com essa elegante esperança.” 
(a biblioteca de babel, jorge luis borges)

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