Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

• como num caleidoscópio sem lógica

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a poeira hora ou outra insiste em mexer, remexer. insiste em ficar nos cantos impedindo o ar de se tornar totalmente puro, de purificar, meu corpo, alma e todo o resto. imagens desconexas de algo não identificável, de um sentimento que não se pode nem se consegue traduzir. nunca antes sentido, e inutilmente. sozinha em um canto do quarto tento desfazer de tudo que me liga ao mundo exterior e que traga qualquer notícia. inútil, como sempre foi. ainda que eu me fechasse em uma caixa, do outro lado do universo, as notícias continuariam a aparecer. inexplicavel e sofrível mente. como num caleidoscópio sem lógica. e de nada adianta lutar.
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" Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vêm, não raras, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca - a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram. Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia resiste a ser identificada. As sucessivas roupas sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, às vezes brilhante, mas circundando o vazio.Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos - com todos esses arrepios estranhos que um entardecer de outono, como o de hoje, provoca na gente. "

Um comentário:

Anônimo disse...

d repent sobra soh poeira nos cantos, e issu dói "////