Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

domingo, 25 de setembro de 2011

último romance

E até quem me vê
Lendo jornal
Na fila do pão
Sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá
Que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor
A gente é quem sabe, pequena...

Depois da primeira vez que a viu, pensou que seria realmente o fim dos encontros organizados pela ordem errada do universo, uma vez que, pessoas legais poucas vezes eram vistas. Somente uma semana depois os pensamentos entraram na ordem correta em sua cabeça, e foi quando notou que na verdade aquele pode não ter sido um encontro casual. Em algum lugar, com hora e data agendada estava marcado que eles se encontrariam, e disso não poderia fugir.

Tanto foi que depois que colocou as coisas em ordem na sua cabeça, lembrou-se que na verdade já havia encontrado com ela em outra ocasião, ocasião esta, que ela não se lembraria ainda que fizesse grande esforço.

Na noite seguinte, ainda na tentativa de estabelecer uma lógica causal, arriscou rememorar suas últimas escolhas, já que, qualquer decisão diferente –inclusive ter decidido não ir tomar café– poderia ter alterado toda ordem de atitudes posteriores, o que faria sem dúvida, que o caminho fosse distinto.

Inútil tentativa, voltou ao mesmo ponto inicial no qual simplesmente a encontrou aquele dia em que decidiu sair de casa para tomar café.Nem gostavam tanto de café, mas contra o destino arrumado pelos deuses nada se pode fazer, e foi então que se encontraram.

Talvez esse tenha sido o dia de todos os outros que se seguiu em que menos foi achado assunto. Destarte, foi o caminho para uma série de novos assuntos que ficaram em entrelinhas de uma conversa nada fortuita.

Mas os deuses que unem nem sempre ficam perto tempo suficiente para evitar que os caminhos tomem rumos opostos. E se é dado ao homem a condição de escolha tudo vai por água a baixo.

...

- Alô?

- Alô, é você?

- Claro que sim, como que você está?

- Do mesmo jeito.

- Então deve estar bem, pois lembro que a última vez que nos vimos você não estava às traças.

- É.

- Né.

- Mas e você, arranjou alguém?

- A gente sempre arranja.

- Ah. Você ainda pensa em mim?

- Só quando me sobra tempo, não é muito.

- Vou ‘praí’ te ver.

...E ir onde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar”

Nenhum comentário: