Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

sábado, 24 de setembro de 2011

o anjo mais velho

Se encontraram em um dia verão e caminharam pelo parque. E depois disso se viram poucas vezes. Cada dia que passava parecia convergir para um todo em que o amor chegaria ao ápice. Mas nada disso aconteceu. As horas que passaram juntos eram boas, mas não o suficiente.

Ela saiu então pela porta do quarto e decidiu não mais voltar. E talvez hoje ele não pense mais no dia em que ela foi embora. Não trocaram cartas, não deixaram bilhetes, não almoçaram juntos. Viveram duas semanas ou menos, de forma que, agora poucos momentos seriam lembrados.

Virou a página e não houve perseguição em nenhum lugar. Às vezes se encontravam, mas nada que fizesse com que a chama, se é que ela um dia existiu, (re)ascendesse. Talvez em algum momento suas almas se encontravam, naquele exato instante em que nenhum nem outro saía com os amigos, preferindo ficar em casa com seus livros e discos. Mas até nesse momento um poderia impedir que a alma chegasse ao outro lado.

Mas isso não era falta de amor, não era falta de nada. Era o simples deixar-se levar sem nenhum caminho pré-concebido. Sem nenhum caminho já imaginado porque um gesto ou atitude fez com que tudo se rompesse em menos de um segundo. Todavia não se perdeu de forma a fazer com que a atitude do outro causasse repulsa ou desamor. Apenas se foi.

Nenhum motivo importante que justificasse qualquer instante.

De qualquer forma, quando ele deixou que ela passasse pela porta, entregou novamente sua sorte ao acaso, e nesse momento pode ser que algo irremediavelmente tenha se perdido.

"E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você

Mas só enquanto eu respirar."

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