Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

sábado, 22 de outubro de 2011

o vento

“Se a gente já não sabe mais rir um do outro meu bem então o que resta é chorar”, foi o que estava escrito no papel antes de virar um barco e ser colocado na água. Simulou um cais. Simulou pensamentos bons que seriam levados pelo vento e a água. Contornou aquele curto espaço de tempo que ainda restava de vida só para tentar simular um mundo melhor para ele. Tudo em vão. Agora sozinho em seu quarto pensava ser apenas restos de uma história que não foi. Nenhum esforço súbito de vida seria suficiente para que ela fizesse com que ele pensasse o contrário. E ela não faria, não falaria. Não gostava do estrago, de escândalos ou de fofocas. E não preveria mais nada e nem acreditaria na vontade cósmica do universo. Tudo se ajeita no fim. Talvez em algum ponto a amizade tenha sido irremediavelmente perdida. Talvez tudo, talvez nada.

Deitou-se na grama molhada e desejou um mundo melhor. Era só um desejo e só havia aquela frase no papel, e ainda assim, este não chegaria à outra margem, era só um barco de papel afinal. Era só a simulação de um cais.


"Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?
- Não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi,
o vento leva!"

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