Morrer é uma
merda. Não falo isso porque estou morta, quem dera pudesse ser Brás Cubas e
compor essas memórias do além-túmulo. Mas
quando se morre a memória fica aí e as pessoas fazem dela o que quiser. É um
eterno falar pelas costas. Espero que do céu ou do inferno as orelhas não
queimem, não devem, assim como a mão não deve coçar indicando dinheiro. Morrer
deve ser realmente uma merda, mas merda pior ainda é continuar vivo e ver o eterno falar pelas costas, e não
as nossas. Tenho usado muito a palavra merda, mas não se assuste caro leitor,
ainda é menos impactante que desgraça, embora desgraça reflita melhor a atual
situação. Nunca pensei que merda poderia ser uma palavra usada quase como
eufemismo. Tenho perdido bastante tempo revisando os últimos acontecimentos,
encaixando fatos, reclassificando frases a esmo. Cada dia é uma descoberta nova
e estúpida. Não sei quando isso vai parar. Logo eu, essa pessoa, que se pudesse
deixava a vida sempre como está.
Agora tenho que
conviver com a eterna desgraça de só saber a versão do Dom Casmurro.
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