Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena
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domingo, 29 de julho de 2012

o café quente

O café quente. Um não entender de tanto querer, assim às claras. Não deu pra evitar, fugir, mentir, esconder-se. Quem dera me livrar pra sempre de mim mesmo é só me reencontrar lá no teu doce abismo. Involuntariamente passei por você, voluntariamente decidi passear de volta. Preenche o vazio da falta de sono com algumas sérias palavras. Zera-me e nada mais te peço. Arranca de mim esse medo mortal de viver. Escrevo e imagino; a mão segurando a caneta e a vontade apertando o peito. Y el que quiera creer que crea. Y el que no, su razón tendrá. Y que la escuche quien la quiera escuchar. Doce ilusão e bendita loucura. Não posso mais me esquecer do momento em que me encontrei em ti. Seu firme aperto de mão, seu molhado beijo que nem sei. Esses são dias de suspiros tensos.

“Lavrador ou semideus. Queima de amor, seja como for
Tema de Amor

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

• derretendo satélites



Era a primeira vez que sentia tal coisa, ou talvez não fosse, acontece que seguindo a forma de progresso evolucionista, não sei se cabe aqui, mas seguindo essa norma evolucionista, não conseguia acumular memórias e sensações, qualquer nova memória e nova sensação era realmente nova, e realmente não sei se evolucionista cabe aqui. Acontece que de súbito esse pensamento intempestivo, perceba como se repetem palavras nessas frases, acontece que essa intempestividade, pois lembrara-se de ter ouvido essa palavra de alguém e decidira que deveria utilizá-la, mesmo que assim repetidamente, enfim, esse pensamento súbito inopinado atormentara repetidamente. Dito, feito e acontecido novamente lá estava o pensamento de novo, reverberadamente, e também não sabia se a palavra reverberadamente sequer existia, o fato é que o significado de reverberado era brilhar em virtude da reflexão de luz, e mesmo que reverberadamente não existisse tinha-se licença poética e tenho dito, mesmo que não estivesse escrevendo uma poesia e nem apresentasse o dom para tal, a vida em si já era poética demais, e que reverberadamente tão bem reproduziria o refletir-se de luz e calor que acontecia no momento. Lembra-se de ter anotado algo como “o cinema é um falsário” antes que seu raciocínio lógico se fizesse prisioneiro do misto de sentimentos indefinidos. E não poderia dizer de que forma acontecera toda essa modificação que de súbito intrometera-se em seus pensamentos até então serenos, entretanto, talvez serenos sejam os pensamentos que agora perpassam os sentimentos, e sei que isso parece não fazer sentido algum, todavia faz. Ocorre que uma oportunidade dessas em que se perde a razão e o senso não se deve deixar passar, ainda mais quando de forma tão inequívocada, e sem precedentes surgem sentimentos assim. Não demorou muito, foi apenas uma questão de segundos, ou mesmo milésimos de, que fez com que um misto de aprazer e sentimentos não identificáveis tomassem todo o seu corpo, sei que aqui a palavra corpo realmente não cabe, já que se refere a toda estrutura física, nesse sentido deveria referir-se somente a coração, pois corpo seria bem menos específico. Sabe-se todavia que esses sentimentos não identificáveis não poderiam partir apenas do coração, sentidos assim se refeririam aos órgãos como visão, audição, olfato, gosto e tato, só que de mesma forma sabe-se que até então somente a visão e a audição foram utilizadas. Mas fica melhor assim, que esses sentimentos tenham vindo do coração e dos sentidos, mais poético. E vindo esses sentimentos do coração e dos sentidos e sendo a situação tão inusitada, como disse, não poderia deixar passar. Decidiu que na próxima conferencia sentar-se-ia ao lado dela, pois queria utilizar os outros órgãos dos sentidos, e isso não poderia deixar passar. Dito e feito, sentou-se ao seu lado, no palco as pessoas mais pareciam abrir a boca sem nada dizerem, escutou duas ou três palavras, queria aproveitar o momento, e essas duas ou três palavras foram suficientes para que puxasse assunto, assim inequívocadamente. Era uma pergunta daquelas sem respostas, que escreveu em um papel e mostrou, para que ao ler, o mínimo que poderia fazer era sorrir, sorriu e disse uma palavra, agora sim quatro sentidos completos. Bem sabe-se que para o último sentido da lista ter tomado posse precisaria mais do que de coragem para sentar-se ao seu lado, e talvez algumas doses de wisky, que como bem se sabe não poderia conseguir no momento. Então termina-se a estória assim, sabe dela apenas o que achou nesses dicionários de conglomerados de redes em escala mundial que conecta milhares de pessoas. Mas o fato de ter usado quatro dos cinco sentidos deixou esse êxtase de sentimentos não identificáveis que perpassam os sentidos, desprendem-se de coisas materiais e ficam vagando por si só, reverberando a cada momento em que a imaginava no palco, ou passando entre uma poltrona e outra.


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perdendo senso
derretendo satélites ♪
* desenho meu, esqueci de assinar, que dizer ¬¬