Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

domingo, 17 de janeiro de 2010

• Pequeno mapa do tempo.

Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do meu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião ♪
                 
Um dia ela descobriu que as nuvens não eram de algodão. Que as pessoas não falavam a verdade e que a verdade não levava a lugar nenhum. Cansada de correr na direção contrária sem pódio de chegada ou beijo de namorado, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era o seu único jeito de negociar. Um dia ela descobriu que promessas nem sempre são cumpridas. Que as pessoas mudam de opinião e que mudam de lado. Cansada de ir na contramão do mundo, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era seu único jeito de deixar rolar. Um dia ela descobriu que sonhos podem não ter valor. Que as pessoas não se importam e que tudo funciona de acordo com uma lógica ilógica. Cansada de ser diferentemente melhor, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era a única maneira de desistir. Um dia ela descobriu que se importar com as pessoas não fazia com que elas se importassem com você. Que as pessoas sempre pensam em si próprias e que é assim sempre. Cansada de tentar provar o contrário, decidiu esvair. Não que fosse fácil, mas era a única maneira de tentar não se importar. Então, pensando ter achado a solução de tudo, decidiu exaurir. Até que receba algum sinal, ou até que se sinta definitivamente dona do mundo e capaz de ignorar sentimentos.
                 
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão ♪

Medo, medo. medo, medo, medo, medo.

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