Sempre que escrevo um poema, um poeta de verdade se remexe no túmulo, por dor ou por pena

quinta-feira, 28 de julho de 2011

só não se perca ao entrar...

Procuraria por uma trilha sonora, pois como bem se sabe todas as cenas da vida necessitam de uma. E não encontraria porque talvez dessa vez não se tratasse de uma cena qualquer. Então tentaria se lembrar de gestos e atitudes, qualquer vestígio ou sinal que indicasse que algo poderia dar certo. E não lembraria porque estava distraída demais para notar qualquer coisa, e descobrira a pouco que não tinha a memória muito boa. E nessa linha tênue, que separa versos de um lado e doutro, que a pouco lembrara existir, talvez pudesse compor poemas inteiros. Mas agora não saberia dizer se o convite quase feito realmente se tratava de um convite, ou seria apenas uma dessas propostas que se fazem descompromissadamente a esmo. E tentaria inutilmente rememorar onde haveria deixado aquela resposta que deveria ter sido dada no momento certo, ou se deveria acreditar em acaso, ou escolhas. E como não tinha a memória muito boa e estava distraída demais para perceber qualquer sinal, ainda que dos astros, a busca seria ineficaz, e só faria lembrar a sua incapacidade de mentir, ainda que soubesse esconder sentimentos muito bem. E não poderia dizer ao certo se era o caso de pensar nesses imprevistos, que de uma forma ou de outra, acusam que nem sempre se tem o controle do destino. E então agora acreditaria ela em destino, como tantas outras vezes acreditara, até o momento certo em que a linha se rompia e a vida era novamente entregue aos deuses ou ...
E colocaria todos os versos e todos os textos e todas as propostas no futuro do pretérito porque lá era certo que não se apagaria a qualquer brisa do tempo. E então tomaria um café aqui ou em Paris, e riria de todas as piadas sem graça e dos comentários sem sentido. E se isso não era amor não poderia saber o que é, e não se atreveria a descobrir sob o risco de se extinguir. E estando longe mandaria postais e fotos, como se do outro lado do mundo o amor fosse mais bonito. E o amaria com todo o sentido que a palavra carrega. Por um instante, ou pela eternidade.



E ao senhor de iludir manda avisar
Que este daqui tem muito mais amor pra dar ♪

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